Por André Carlos Zorzi
Estrela-Guia, novela das 6 lançada pela Globo em 2001, está disponível para assistir no Globoplay a partir desta segunda-feira, 6. A produção chamou atenção por trazer Sandy como protagonista, além de seu irmão, Junior, no elenco.
Especulava-se se Sandy poderia contar com regalias e privilégios em relação ao resto do elenco. “Não houve exigências, apenas defini dias e horários de gravação”, garantia a cantora.
O único pedido assumido era de que a novela “não será esticada porque está estabelecido no contrato”. Em sua exibição original, entre 12 de março e 16 de junho de 2001, teve apenas 83 capítulos.
Com 18 anos na ocasião, ela já vinha aparecendo como atriz no seriado Sandy e Junior. Dizia-se que os roteiristas do programa precisavam perguntar à cantora com quais atores toparia fazer uma cena romântica antes de o roteiro ser escrito.
No caso de Estrela-Guia, seu par romântico era Guilherme Fontes, 16 anos mais velho. Sandy garantia que não havia restrições de cenas: “Não, porque em novela das 6 não há esse tipo de perigo. Há beijo, mas eu dou beijo na boca na vida real, então, não tem problema [risos]”.
Apesar de algumas críticas por parte do público, Sandy era elogiada por Ulysses Cruz, diretor da novela junto com Denise Saraceni e Carlos Araújo.
“Ela é uma artista e não somente uma cantora ou atriz. É aplicada, concentrada e entende de primeira o que se pede a ela. Dificilmente mexeremos na sensibilidade dela como ela mesma já mexe”, afirmava.
Polêmica entre Sandy e o Casseta e Planeta
À época, a direção da Globo chegou a solicitar que os humoristas do Casseta e Planeta ‘maneirassem’ nas piadas envolvendo Sandy. A paródia da novela das 6, que se chamaria Estrela-Virgem, teve seu nome mudado para Estrela-Guria.
Um produtor do Casseta garantia na ocasião que o programa tinha liberdade para brincar com quaisquer nomes da Globo e indicava que a orientação “foi para que a paródia de Estrela-Guia não girasse apenas em torno da cantora, mas de todo o elenco”.
Meses depois, o humorista Bussunda deu outra versão sobre o episódio com a cantora ao falar sobre o pedido da emissora para que o grupo não fizesse piada com os atentados terroristas de 11 de setembro, que tinham acabado de acontecer.
“Tudo foi conversado e não houve desacordo [sobre a restrição às piadas envolvendo as torres gêmeas]. Foi bem diferente da história da Sandy, quando a Globo foi longe ao vetar o quadro”, criticou.
O elenco de Estrela-Guia
O cantor Junior Lima também estava presente no elenco de Estrela-Guia, como Zeca, um garoto humilde que vinha do Nordeste em busca de melhores condições de vida. “Ele faz malabarismos no sinal de trânsito. Tive umas aulas de malabares com o pessoal da Intrépida Trupe e agora fico treinando o tempo todo”, contava, antes de sua estreia.
No decorrer da novela, o personagem consegue oportunidades após ter seu talento ‘descoberto’ pela produtora musical do personagem de Gabriel Braga Nunes, Guilherme.
A novela também marcou o retorno da cantora Cida Moreyra à TV após 11 anos, à época, para viver a empregada de Tony, Castorina, além da estreia de Sérgio Marone (Santiago) e Graziella Moretto (Heloísa) em novelas da Globo.
Thais Fersoza, hoje casada com o cantor Michel Teló, interpretava a rebelde Gisela, filha de Vanessa (Carolina Ferraz) na trama.
Boicote evangélico
Em abril de 2001, Estrela-Guia esteve entre produções citadas por pastores de Santa Catarina e Paraná, que promoviam um boicote à televisão em 1º de maio daquele ano.
O grupo religioso divulgou um texto em que criticava as produções da Globo: “uma novela exalta o candomblé e o culto a Iemanjá [Porto dos Milagres]. Outra, promove o esoterismo [Estrela-Guia].”
Havia críticas também a outras emissoras, citando “ratinhos e leões” [referência ao apresentador Ratinho e a Gilberto Barros, o ‘Leão’], além de “tiazinhas” e “feiticeiras” [personagens de Suzana Alves e Joana Prado no Programa H, de Luciano Huck].