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‘Trem das onze’

Segundo Zeca Pagodinho, a música foi composta em São Pau­lo pelo cantor, compositor, ator e humorista Adoniran Barbosa na década de 1960 e faz referência ao bairro de Jaçanã, na Zona Norte da cidade. O compositor, que nasceu no dia 6 de agosto de 1910, tirava samba dos trilhos. Adoniran escrevia as letras nas viagens de trem entre uma estação e outra, ritmados por sua caixinha de fósforos. A música contava a história de um rapaz que tinha que abandonar a namorada para voltar para casa cuidar de sua mãe.

Jaçanã era um dos bairros em que o trem passava e Adoniran confessa que o nome entrou na letra por acaso. “Manhã… manhã… Jaçanã! Achei bonito o nome”, disse em entrevista de 1974, em trecho retirado do site “Época São Paulo”. A canção foi gravada e popula­rizada pelo grupo Demônios da Garoa em 1964. No ano seguinte, a canção foi premiada no carnaval de 1965 do Rio de Janeiro e escolhida pela população de São Paulo como sendo música a “que mais repre­senta a cidade” em um concurso da Rede Globo.

A inesquecível e animada letra de Trem das Onze é a seguinte:

Quais, quais, quais, quais, quais, quais,
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum
Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
E além disso mulher
Tem outra coisa
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar

Entretanto, há 48 anos deixava de funcionar um trem que ficou imortalizado na voz de Adoniran Barbosa. O “Trem das Onze” que saía do centro de São Paulo em direção à Guarulhos, passando pelo bairro do Jaçanã. Na verdade, esse trem não entrava no bairro do Ja­canã, e como disse no início do texto Zeca Pagodinho, o autor colocou Jacanã porque achou bonito e musical e apenas para rimar: “Se eu perder esse trem, que sai agora, às onze horas, só amanhã de manhã.”

A música, além de fazer grande sucesso no Brasil e no mundo, ain­da inspira professores e estudantes. A Prefeitura do Rio de Janeiro, em uma ação virtual do Programa Orquestra nas Escolas, da Secretaria Municipal de Educação do Rio, lançou dia 14/5, às 18h, um vídeo com a música “Trem das onze” – gravada por 23 alunos músicos flautistas, estudantes da Rede Municipal de Ensino. Participam do clipe os in­tegrantes de duas formações: as Orquestras de Flauta Doce Rivadávia Corrêa e Carneiro Felipe.

“Trem das Onze” é um clássico da MPB, sucesso do compositor e músico Adoniran Barbosa, conhecido como o pai do samba paulista e lembrado até hoje por seu bom humor e canções que marcaram gera­ções. A canção foi escolhida pela mensagem de que “nem a distância não diminui o amor”, como relata a flautista Ana Karla da Silva, de 10 anos, uma das participantes desta edição da Orquestra Virtual.

Salve Adoniran Barbosa, nosso querido João Rubinato, que com sua obra musical maravilhosa, que se tornou patrimônio imaterial do Brasil, continua sendo referência para a nossa sociedade.

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