Motoboys e entregadores de todo o Brasil promoveram nesta quarta-feira, 1º de julho, um boicote nacional contra os aplicativos de entregas, como iFood, Rappi, Loggi e Uber Eats. O movimento, organizado pelos motoboys via WhatsApp, reúne lideranças difusas pelo país e acontece à margem da organização dos sindicatos, em uma mobilização inspirada na greve dos caminhoneiros de maio de 2018.
Em Ribeirão Preto, os entregadores iniciaram o protesto pacífico por volta das nove horas, na região central, passando por vias como a rua Garibaldi e a avenida Nove de Julho. Também teve “buzinaço”. Na Praça da Bíblia, a rotatória entre as avenidas Treze de Maio, Meira Júnior e Capitão Salomão, o monumento ao motociclista foi pichado e a bolsa de um aplicativo foi colocada nas costas do motoqueiro.
A pauta de reivindicações da categoria engloba desde a definição de uma taxa fixa mínima de entrega, por quilômetro rodado, até o aumento dos valores repassados aos entregadores por serviços realizados. Eles também cobram das empresas uma ajuda de custo para a aquisição de equipamentos de proteção contra a covid-19, como máscaras e luvas. Outra queixa dos entregadores é sobre os bloqueios de colaboradores nos aplicativos que, segundo eles, acontecem sem uma política de transparência definida.
Alguns motoboys acusam os aplicativos de punirem quem se nega a realizar entregas, por exemplo, na chuva, ou em determinados horários e dias. Por meio de nota à imprensa, as empresas que integram a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que atuam no setor de “delivery”, dizem que desde o início da pandemia foram tomadas diversas medidas de apoio, como distribuição gratuita ou reembolso pela compra de materiais de higiene e limpeza (máscara, álcool em gel e desinfetante).
Cita ainda a criação de fundos para pagar auxílio financeiro a parceiros diagnosticados com covid-19 ou em grupos de risco. A Amobitec ressalta que os entregadores cadastrados nas plataformas estão cobertos por seguro contra acidentes pessoais durante as entregas. A associação também informou estar aberta ao diálogo e que a mobilização “não acarretará em punições ou bloqueios de qualquer natureza”. Em nota, o iFood informa que não adota nenhuma medida que possa prejudicar aqueles quem rejeita pedidos.
“Ao rejeitar muitos pedidos, o sistema entende que o entregador não está disponível naquele momento e pausa o aplicativo, voltando a enviar pedidos, em média, 15 minutos depois.” A empresa também afirma que, em nenhuma hipótese, penaliza colaboradores que participam de movimentos. A Uber Eats diz que não diminuiu os valores pagos por entrega e que desativa as contas de parceiros que descumprem o termo de uso e têm muitas avaliações negativas. Já a Rappi não se manifestou.