“A finalidade do Estado é promover a justiça social. Mas não há justiça social sem desenvolvimento e não há desenvolvimento sem soberania”. (Getúlio Vargas)
No dia 24 de agosto de 1954, morre o presidente Getúlio Vargas, o construtor do Brasil moderno, com um tiro no peito, para salvar sua honra pessoal e a do Brasil. Deixou em sua Carta Testamento o grito da exploração do país e um caminho para o desenvolvimento nacional autônomo. Sua cartilha foi seguida por João Goulart, Brizola e, atualmente, pelo competente Ciro Gomes, do qual retiro a epígrafe de seu recentíssimo livro “Política nacional: o dever da esperança”.
Esse desenvolvimento nacional com as vertentes getulistas, e outras, foi bandeira de muitos políticos, cientistas políticos, sociólogos, que por sua vez ganhava o dístico de “Projeto Nacional”. Sem querer desmerecer a nenhum de seus defensores, refiro-me tão só ao “Menestrel de Alagoas”, Teotônio Vilela, porque era da antiga Arena e passou para a oposição do MDB, e mais, porque viajou pelo Brasil, mesmo doente, com sua cabeça devastada pelo câncer, pregando seu “Projeto Nacional”.
Aquele momento gigantesco da história do Brasil, em 1954, quando a oposição à Vargas estava eriçada pela instituição do monopólio estatal do petróleo e falava-se no “mar de lama”, se comparado a nossa atualidade, ver-se-á a diferença, que é escandalosamente gritante. Atualmente, eles estão desossando a Petrobras, vendendo-a aos pedaços, como estão desossando o Brasil para entregar a nossa soberania, a qual não deveria nunca ser entregue, mas o fazem com um espírito de vassalos que desonram a história de políticos e militares, os quais lutaram para a construção democrática do Brasil.
Até o período da ditadura se destacava naquela obscuridade institucional um projeto de nação, defesa de nosso território e de nossas riquezas. Hoje esses andarilhos do sem rumo não governam e jogam a culpa num inimigo inexistente, como prática midiática, dotada de repetição sem fim, para que escapem ao julgamento próximo das urnas ou ao julgamento da história, com a especialidade de ataques diários às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, distanciando o dia a dia do Brasil daquilo que se pode chamar de concerto das nações – ou acreditam que fabricam a confusão para um golpe militar. Note-se: a maior crise sanitária da história foi tida como “gripinha”, porque a morte acontece de qualquer maneira, foi a justificativa.
A fúria atacante contra instituições e Poderes com a criação de factoides, que não deixariam governar quem não sabe fazê-lo, ou quem é absolutamente despreparado para fazê-lo, revela-se na atitude antecipada de autodefesa em relação ao que poderia vir contra o governo em julgamentos e/ou depoimentos no Supremo Tribunal Federal (STF), ou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou mesmo em inquéritos que tramitam no Rio de Janeiro.
A tensão estava enorme, não se aguentava mais. O presidente diariamente invocava as Forças Armadas com seus generais do palácio aprovando a indignação presidencial, até que… até que …
Acontece a prisão do Queiroz. Trabalho primoroso do Ministério Público do Rio de Janeiro e de São Paulo, coadjuvado pela Polícia Militar paulista.
O clima de tensão de repente baixou e parece que o Brasil começa a pensar no que foi feito, no que se faz, no que precisa ser feito para não ser mais desacreditado do que está.
Os militares já falam em “Ministério de Notáveis”. Afinal, ligar o Planalto por qualquer vínculo à milícia do Rio de Janeiro é insuportável à dignidade de qualquer um de nós, civil ou militar. Mais insuportável se torna para a instituição que tem como seu lema a honra e a vida pelo país, que é o das Forças Armadas.
Não é demais nesse contexto dizer que o Queiroz foi o vírus que afastou o decantado “golpe militar”.
E se mesmo afastado de vez, poderemos pensar em não liquidar o Brasil no balcão do Paulo Guedes, que falando aos economistas nos Estados Unidos causou forte decepção, tal o seu despreparo.
E aí poderemos pensar, racional e fraternalmente, um Projeto Nacional. Um sonho de Barbosa Lima Sobrinho, que viveu 103 anos, um apaixonado pelo Brasil, escreveu um livro sobre o desenvolvimento autônomo do Japão para que meditássemos sobre essa experiência e construíssemos nosso caminho, digna e altivamente.