Tribuna Ribeirão
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Larga Brasa

Vereador dava nó em pingo d’agua
Há muitos anos havia um vereador que era cativo em uma ci­dade do estado de São Paulo. Não perdia uma eleição. Beijava crianças em aniversários em que era ou não era convidado. Não perdia um velório, onde conversava com cada um dos presentes enaltecendo as virtudes do finado. Era prestativo para enviar notícias do falecimento aos jornais e rádios e tam­bém para conseguir nomes de ruas para os mais prestantes cidadãos. Estava com todos os prefeitos eleitos e dizia aos colegas que ele não era do ocupante do cargo, mas sim do Palácio Rio Branco. Não tinha culpa se mudava o “inquilino”. As suas tiradas eram de grande estilo.

Pedras para os munícipes
Naqueles anos, o ocupante do Palácio havia determinado que os seus assessores deveriam auxiliar os munícipes que pretendiam construir a casa própria. Como o município ti­nha uma pedreira, a determinação era para que caminhões de pedras fossem doados aos que necessitassem. No setor encarregado da distribuição havia um assessor que também era candidato a vereador, mas o subalterno não gostava dele. Por este viés, o antigo político sabia de antemão os locais onde seriam entregues os caminhões. Se antecipava e fazia uma visita aos que iria ser obsequiado pela Prefeitura com os caminhões de pedra e, como quem não pretendia nada, perguntava se eles estavam precisando de alguma coisa. O eleitor dizia que havia feito um pedido de umas pedrinhas para a construção da casa própria, mas o encarregado da entrega, que há muito havia prometido, não cumpriu com a promessa. Ele erguia o peito e batia na mesa, dizendo que no dia seguinte a pedra estaria na construção. Ele sabia o cro­nograma da entrega, oferta do funcionário que não gostava da chefia. Dito e feito. No dia seguinte o caminhão chegava. Ele ganhava todos os votos da região.

Falando na Alemanha
Uma munícipe havia feito uma solicitação para acelerar um processo de redução do IPTU. Como havia falado com o ve­reador, foi procurá-lo. Ela chegou cobrando a providência que seria tomada. Ele de imediato passou a mão no telefo­ne preto e como se estivesse ligado para o prefeito, passou uma descompostura no chefe do Executivo, dizendo que não iria mais colaborar com ele, pois a sua protegida não estava tendo a atenção dispensada etc. e tal. Bateu o telefone de maneira abrupta. A munícipe que a tudo ouvia disse a ele: “Senhor vereador, eu ouvi que o prefeito foi fazer um curso na Alemanha e está lá já alguns dias”. O vereador encheu o peito e retrucou: “Para onde é que a senhora pensa que estava telefonando. Para a Alemanha…”. A senhora não saiu muito convencida e nem retrucou. Pano rápido no teatro. Essas foram algumas das estórias do político que sempre estava pronto para ajudar aos seus eleitores.

Conselho
Um recém-eleito vereador que estava tentando aprender os caminhos do Legislativo perguntou certa feita a um dos pou­cos assessores que a Câmara possuía como ele deveria pro­ceder para não errar. O assessor respondeu: “Você conhece aquele velho vereador. Pois bem. Se você verificar que ele vai pular do 13º andar, pule junto. Alguma vantagem tem lá em­baixo. Mas pule junto, nem antes e nem depois”.

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