João Camargo
Entregadores de encomendas e alimentos por aplicativos estão se organizando para realizar uma greve no dia 1º de julho em todo o país. Em publicações nas redes sociais, os entregadores falam em paralisação para protestar em favor do aumento do pagamento das corridas, do aumento da taxa mínima, do fim dos bloqueios, dos desligamentos indevidos e do fim do sistema de pontuação.
Além disso, grupos pedem para a população em geral ajudar no boicote, não realizando pedidos pelos aplicativos na data programada.
O entregador por bicicleta Max Júnior Monteiro Amâncio da Silva, de 20 anos, disse ao Tribuna que, normalmente, não costuma apoiar as greves, porém, ele relatou que “durante a quarentena o número de entregadores está aumentando e o número de desligamentos indevidos está acontecendo com mais frequência”. Para ele, isso mostra um descaso das plataformas.
Além disso, Max diz que os fretes, tanto na distância como nas taxas, estão piorando cada vez mais. Por conta disso, ele apoiará a greve no dia 1º de julho. No entanto, o entregador comentou que, entre os ciclistas, em grupos nas redes sociais, o público está divido.
Quem também está a favor da paralização é o entregador Bruno Henrique Sertório Martins, de 28 anos. Para ele, essa é a única maneira de mostrar aos aplicativos que eles também dependem dos motociclistas e ciclistas.
“Eu sou a favor, pois os aplicativos, a cada dia que passa, pagam menos aos entregadores”, disse Bruno. Ele, que também está incluso em grupos nas redes sociais, comentou que, por enquanto, não se sabe ao certo se todas as categorias irão aderir a paralização no dia 1º de julho.
O Tribuna entrou em contato com o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo que informou que apoiará a manifestação, pois acredita ser por uma causa justa: “a luta contra a precarização do setor”.
O Sindicato informou, também, que, em São Paulo, sairão manifestantes da sede do sindicato e se direcionarão até o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.
Entre as plataformas de entregas mais comuns no país estão a iFood, a Uber Eats e a Rappi. Ao ser questionada pelo Tribuna quanto a possível greve, o iFood informou que, antes de mais nada, apoia a liberdade de expressão em todos as suas formas.
O iFood informou que entregadores são desativados do aplicativo “quando há um descumprimento dos Termos & Condições para utilização da plataforma e é válida tanto para entregadores, como para consumidores e restaurantes”. A plataforma ressalta, ainda, que desativar indevidamente um entregador que atua de forma correta é ruim para a empresa.
Sobre o valor médio pago por rota, outra reivindicação dos entregadores, o iFood informou que a quantia é calculada usando fatores como, por exemplo, a distância percorrida entre o restaurante e o cliente, além de uma taxa pela coleta do pedido no restaurante e uma taxa pela entrega ao cliente, além de variações referentes a cidade, dia da semana e veículo utilizado para a entrega.
Quanto a Uber Eats e a Rappi, o Tribuna entrou em contato com as plataformas, porém, até a publicação desta matéria, não foi obtido nenhum retorno ou posicionamento destas.