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Política

Ônibus: subsídio vira caso de Justiça

ALFREDO RISK/ ARQUIVO TRIBUNA

O Consórcio PróUrbano – grupo concessionário res­ponsável pelo transporte cole­tivo urbano em Ribeirão Preto formado pelas viações Rápido D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) – entrou com ação judicial para rece­ber o subsidio da prefeitura. Afirma que com a redução no número de passageiros, provo­cada pela pandemia do novo coronavírus, houve desequilí­brio financeiro.

O consórcio cobra judicial­mente que a prefeitura recom­ponha essas perdas financeiras estimadas em R$ 7,8 milhões pelo grupo. Na ação, as empre­sas do grupo solicitam que o município arque com suposto prejuízo causado pela pande­mia. Além disso, solicita que a administração municipal ofereça subsídio financeiro du­rante o período que estiver em vigor as medidas de isolamen­to social na cidade.

Segundo dados da Empre­sa de Trânsito e Transporte de Ribeirão Preto (Transerp), antes dos decretos de calami­dade pública que impuseram a quarentena, ainda com a maior parte do comércio atendendo, eram transportados, em média, 200 mil passageiros por dia. Já a partir do fechamento das lojas e a abertura apenas dos servi­ços essenciais foram transpor­tados 41.878 usuários diaria­mente, uma queda de 79%.

No entanto, essa queda não é linear e não foi mantida ao longo do período de quarente­na por causa da desobediência da população, e o número di­ário de passageiros tem reto­mado o crescimento. Em 8 de abril, 53.695 passageiros foram transportados, aumento de 28% em relação ao primeiro dia de restrições, sendo que destes, 7.140 eram idosos.

No mês de março, quando decretou o estado de calamida­de pública e o funcionamento apenas das atividades essen­ciais, a prefeitura autorizou a redução do número de ônibus do transporte coletivo em cir­culação na cidade como forma de prevenção na proliferação do coronavírus.

Dos 356 ônibus que cum­prem as 118 linhas urbanas, 217 passaram a circular du­rante o isolamento social. Aos domingos e feriados, a redução chega a 60%. Nos finais de se­mana, o transporte coletivo já trabalha com 37% dos veícu­los a menos – mesmo antes da pandemia de covid-19.

Na semana passada, a Câ­mara de Vereadores, por meio de um decreto legislativo de autoria do presidente do Le­gislativo, Lincoln Fernandes (PDT), derrubou a medida e determinou o retorno de 100% dos veículos. Porém, o pre­feito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) ainda não sancionou ou vetou a proposta. A prefei­tura também diz, por meio de nota, que ainda não foi notifi­cada sobre a ação do consórcio.

Na semana passada, o Tri­bunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), julgou, em definitivo, o agravo de instrumento impe­trado pela prefeitura de Ribei­rão Preto e manteve a redução da frota. Em 16 de abril, o TJ/ SP já havia derrubado a liminar concedida ao Partido Cidadania pela juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo, da 2° Vara da Fazenda Pública, que obrigava o Consórcio PróUrbano a aumen­tar a frota. Agora, a 6ª Câmara de Direito Público da Corte Pau­lista julgou o mérito da ação.

Legislativo já rejeitou repasse ao consórcio
Em abril, a Câmara de Vereadores negou autorização para que a prefeitu­ra de Ribeirão Preto antecipasse um repasse de até R$ 4,5 milhões ao Consórcio PróUrbano. O projeto do Executivo foi rejeitado por unani­midade pelos parlamentares – argumentaram que o projeto não tinha vários pré-requisitos, como o estado de impacto financeiro.

A antecipação que a prefeitura pretendia fazer é referente ao pagamento do subsídio da gratuidade dos estudantes, dos meses futuros. Ou seja, passagens que ainda poderão ser utilizados este ano. Mensalmente, a prefeitura de Ribeirão Preto paga ao Consórcio PróUrbano o valor utiliza­do naquele período pelos estudantes que tem direito a gratuidade.

Segundo a administração, o valor antecipado seria abatido quando as aulas retornarem e os estudantes voltarem a utilizar o transporte público. Informou ainda que este valor poderia ser utilizado apenas para o custeio de despesas operacionais, aquisição de combustível, manu­tenção da frota e outras atividades relacionadas à operação inclusive o salários dos motoristas.

Na prática, o que a prefeitura queria era pagar antecipadamente por um serviço que ainda não foi prestado. Neste ano, nos meses de fevereiro e março, quando as aulas ainda não tinham sido suspensas por causa da pandemia do coronavírus, o governo repassou R$ 1.132.638,00 para o consórcio referente à utilização do transporte coletivo pelos estudantes nestes meses. Em 2019, o valor total repassado ao PróUrbano foi de R$ 9.637.793,90.

Os vereadores alegaram que não é justificável antecipar recursos para o PróUrbano quando muitas empresas da cidade cestão atravessando problemas financeiros em função da pandemia do coronavírus. Eles afir­maram que pela lógica do governo todos prestadores de serviços para a prefeitura deveriam receber recursos da prefeitura neste momento.

Os funcionários de duas das empresas do grupo chegaram a paralisar o serviço por 24 horas por atraso salarial. Estabelecida por lei municipal em 2012, a gratuidade para estudantes beneficia 13.061 alunos de escolas públicas que se cadastraram para ter o benefício. Os alunos das escolas particulares têm direito a 50% do valor da passagem. Na prática é a prefeitura quem repassa mensalmente para o Consórcio PróUrbano o valor que seria pago pelos estudantes.

Desde o dia 23 de março a gratuidade para estudantes no transporte coletivo foi retirada temporariamente em função da suspensão das aulas presenciais nas escolas de Ribeirão Preto. Segundo a Empresa de Trân­sito e Transporte Urbano (Transerp), a medida teve como objetivo dimi­nuir o fluxo dos jovens e adolescentes no transporte coletivo durante a suspensão das aulas. Vale lembrar que o cartão de gratuidade garante apenas o não pagamento da passagem para o trajeto de ida e volta entre a residência e a escola em que o aluno cadastrado estuda.

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