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Centenário de Ribeirão Preto

A comemoração do quarto centenário da cidade de São Paulo desencadeou dois acontecimentos importantíssimos: a) o Brasil parou para acompanhar as cerimônias e as festas realizadas na sua mais moderna cidade; b) em toda parte surgiram debates sobre a verdadeira data da sua fundação de suas cidades. Questão, com certeza opinativa.

O mesmo ocorreu em Ribeirão Preto. Os debates foram instalados no prédio do Casino Antártico que ficava na Rua Américo Brasiliense, colado à sede dos Correios. A rádio local era a PRA7, uma das mais antigas do Brasil, dava o seu reconhecido suporte. Assisti a alguns desses debates.

As questões não tinham a segurança das ciências exa­tas. Cada um tinha uma opinião fortemente enraizada nas tradições da cidade. Foi consagrada a visão do médico doutor Osmani Emboaba: Ribeirão Preto faria, como fez, 100 anos no dia 19 de junho de 1956.

O Presidente Juscelino Kubistchek se fez presente, tra­zendo com ele a famosíssima banda dos fuzileiros navais, até então regida por um dos mais extraordinários maestros brasi­leiros, Eleazar de Carvalho, que, posteriormente foi o regente da Orquestra Sinfônica Brasileira, contribuindo bravamente em favor da nossa música. Os estudantes do Otoniel Mota, então conhecido como Ginásio do Estado, marcharam ao som regido por Eleazar de Carvalho.

O Presidente Kubistchek, sempre muito simpático, solici­tou que o levassem até a joalheria Lopes. Queria cumprimen­tar o seu proprietário, o Lopes, que havia sido seu amigo de infância. O presidente a pé, acompanhado por uma pequena multidão, foi até a Rua Amador Bueno abraçar o seu velho amigo, sob o aplauso de todos. Registre-se que pouquíssimos presidentes da República, até hoje, pisaram o solo da tão bra­va e leal cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto.

As autoridades locais receberam o Presidente da República na Câmara Municipal até então instalada na esquina da Rua Duque de Caxias com a Barão do Amazonas. Os estudantes tiveram a oportunidade de cumprimentar ali pessoalmente o Presidente da República.

Após as cerimônias, voltamos para nossas casas. A dos meus pais ficava defronte da Praça XV. Fui para lá acabar de ler o livro que na época havia virado filme: “Sem novidade no front” de Erich Maria Remarque. Dormi em cima do livro. Não vi nem ouvi o foguetório noturno. O livro e o filme fortemente pacifistas hoje são clássicos. Eram assim os dias daqueles tempos.

Bem depois recebi a certidão de batismo de Ribeirão Preto. Trata-se de uma escritura de uma fazenda na qual o proprietário indica os limites de sua terra. Num momento afirma que sua propriedade termina num riacho denominado Ribeirão Preto pelos seus trabalhadores. O documento foi-me enviado pelo meu parente Eduardo Roxo Nobre que o encon­trou nos arquivos de um cartório de Casa Branca. O docu­mento foi entregue solenemente em reunião do Rotary Clube para a nossa extraordinária historiadora Tânia Registro.

O Presidente da República tomou café na Única e jantou no Bom Petisco. Os estudantes tomaram “vaca preta” no Acadêmico. Era Coca-Cola com sorvete. Os horários eram fixados pela sereia da Antártica e pelo perfume da torrefação do Café Biagini.

O ambiente era de tranquilidade até por aqueles, como meu pai, que não gostavam do Juscelino, mas amavam a tão brava e leal cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto.

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