Tribuna Ribeirão
Política

Pandemia vai tirar R$ 10,5 bi do FPM

JF PIMENTA

Em 2020, os gestores muni­cipais terão de apertar o cinto para fechar as contas. A queda na arrecadação de impostos du­rante a crise do novo coronaví­rus vai diminuir em mais de R$ 10,5 bilhões o valor repassado através do Fundo de Participa­ção dos Municípios (FPM) para as 5.570 cidades brasileiras.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) previa um repasse de R$ 115,1 bilhões, mas por conta da pandemia, a estimativa atual é que no fim do ano o valor total do FPM seja de R$ 104,5 bi­lhões. A projeção foi feita pela Confederação Nacional de Mu­nicípios (CNM), com base nos dados do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primá­rias do Ministério da Economia.

O FPM é um valor que mu­nicípios recebem para comple­mentar o orçamento. Ele é cons­tituído de uma parcela do que é arrecadado pela União em im­postos federais. De acordo com a legislação, 22,5% do Imposto de Renda (IR) e do Imposto so­bre Produtos Industrializados (IPI) são transferidos aos mu­nicípios, de modo proporcional à população. Por isso, os valores do FPM e do Fundo de Partici­pação dos Estados são afetados pela crise econômica.

Para tentar aliviar o impac­to sobre municípios, o governo federal publicou em março uma medida provisória que “congelou” os valores do FPM e do Fundo de Participação dos Estados (FPE) de março a junho. Sem essa MP, o impacto seria grande. Apenas em ju­nho, por exemplo, sem contar a recomposição, o FPM será 36% menor do que o valor re­passado no mesmo período do ano passado. Em maio, a redu­ção foi de 23,5%.

Segundo o presidente da CNM, GlademirAroudi, a ajuda do governo federal não cobre a menor arrecadação de tributos estaduais e municipais. “Em boa parte dos municípios do Brasil, a maior parte da arrecadação é o FPM. O governo está fazendo uma recomposição de 23 bi­lhões e nós teremos uma queda de arrecadação até o final do ano na ordem de 74 bilhões. Isso nos preocupa muito”, alerta.

A prefeitura de Ribeirão Preto prevê queda de 1,3% na arrecadação de impostos pela administração direta em 2021 por causa do cenário econômi­co e de incertezas provocadas pela pandemia do novo coro­navírus, causador da covid-19. Porém, a receita total estimada para o ano que vem – inclui as 15 secretárias, o gabinete do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) e a administra­ção indireta (fundações, autar­quias, empresas e departamen­tos) – é de R$ 3,48 bilhões.

A receita total para o ano que vem, segundo a LDO, é 2,68% maior do que a previsão orça­mentária de 2020, de R$ 3,39 bi­lhões – R$ 91 milhões a mais –, mas que foi elaborada em 2019, portanto, sem levar em conside­ração os efeitos da crise gerada pela pandemia do novo corona­vírus. A deste ano 2020 é 4,4% superior ao valor de R$ 3,247 bilhões previsto para este ano, acréscimo de R$ 143 milhões.

Para este ano, o prefeito Du­arte Nogueira já anunciou que a prefeitura pode perder 20% da arrecadação. Significa que a ci­dade pode deixar de arrecadar R$ 682 milhões, dinheiro sufi­ciente para bancar dez folhas de pagamento do funcionalismo municipal, de aproximadamen­te R$ 63 milhões por mês. En­viada no final do ano passado para o Legislativo e aprovada pelos vereadores, a Lei de Di­retrizes Orçamentárias (LOA) prevê uma receita de receita de aproximadamente R$ 3,41 bi­lhões para 2020.

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