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Servidor pode ficar 3 anos sem reajuste

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Pradópolis e Guatapará criticou a sanção, pelo presidente Jair Bolsonaro, do projeto que con­gela o salário dos funcionários públicos federais, estaduais e municipais até o final de 2021. A lei foi sancionada nesta quin­ta-feira, 28 de maio, e faz parte do pacote de ajuda financeira de R$ 60 bilhões a Estados e muni­cípios. O texto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

Ao sancionar o projeto de socorro a Estados e municípios, Bolsonaro acolheu os vetos su­geridos pela equipe econômica ao projeto aprovado pelo Con­gresso Nacional. Por isso, não haverá reajuste para nenhuma categoria do serviço público. Se­gundo o governo, a manutenção do reajuste elevaria em quase dois terços o impacto financeiro. O projeto também proíbe a rea­lização de concursos públicos.

Se os vetos não forem der­rubados pelo Congresso Na­cional, o funcionalismo de Ribeirão Preto poderá ficar sem reajuste por um período de três anos – de 2019 a 2021. Os servidores filiados ao sindi­cato ainda podem ter aumento de salário retroativo aos anos anteriores, mas, para isso, a en­tidade precisa vencer as ações judiciais que impetrou contra o município – os processos es­tão fora do alcance jurídico da lei sancionada por Bolsonaro.

Os vetos ainda precisam ser analisados pelos parlamentares. Se deputados e senadores derru­barem a decisão, o trecho da lei será restabelecido. Não há prazo para essa análise. Atualmente, o Sindicato dos Servidores tentava negociar com o Comitê de Polí­tica Salarial do governo Duarte Nogueira Júnior (PSDB) o rea­juste anual da categoria. A pauta de reivindicações foi entregue no dia 28 de fevereiro. Entretan­to, por causa da pandemia do novo coronavírus, as negocia­ções emperraram.

Porém, antes da crise da co­vid-19, em 20 de março, a co­missão de negociação nomea­da pelo prefeito anunciou que não iria conceder reajuste sa­larial à categoria pelo segundo ano seguido. De acordo com o sindicato, a pauta econômica pede 6,18% de reajuste salarial, sendo 4,48% de reposição da inflação com base no Índice Nacional de Preços ao Consu­midor (INPC) do ano passado – de janeiro a dezembro – e mais 1,7% de aumento real.

O mesmo índice, 6,18%, foi aprovado para a reposição do vale-alimentação dos tra­balhadores e da cesta básica nutricional dos aposentados e pensionistas. No ano passado, os servidores protagonizaram a mais longa greve da história de Ribeirão Preto – teve início em 10 de abril e foi suspensa em 3 de maio, depois de 23 dias de paralisação e protestos. A cate­goria pedia reajuste de 5,48% – 3,78% de reposição da inflação com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e mais 1,7% de aumen­to real. Em 2018, depois de dez dias de greve, que terminou em 19 de abril, foi concedido reajus­te salarial de 2,06% com base no INPC do IBGE, com acréscimo de 20% de ganho real, totalizan­do 2,5% de aumento.

Segundo nota enviada pela entidade a pedido do Tribuna, enquanto o país e o mundo pas­sam pela maior crise sanitária e de saúde da história, o gover­no federal mantêm sua política de precarização dos serviços públicos e retirada de direitos dos trabalhadores. A entidade afirma que atuará em todas as frentes institucionais e judiciais para impedir que os trabalha­dores do serviço público sejam penalizados por uma lei que, se­gundo ela, se faz injusta, incoe­rente, nefasta e inconstitucional.

O projeto sancionado por Bolsonaro suspendeu as dívidas de Estados e municípios com a União, inclusive os débitos previdenciários parcelados pe­las prefeituras que venceriam este ano. Esse ponto pode gerar um impacto de R$ 60 bilhões à União. O repasse direto, em quatro parcelas, será dividido da seguinte forma: R$ 50 bilhões em compensação pela queda de arrecadação (R$ 30 bilhões para Estados e Distrito Federal e R$ 20 bilhões para municí­pios) e outros R$ 10 bilhões para ações de saúde e assistên­cia social (R$ 7 bilhões para Estados e Distrito Federal e R$ 3 bilhões para municípios).

A nota emitida pelo sindicato
“Com a publicação da lei complementar nº 173, de 27 de dezembro de 2020, no Diário Oficial da União desta quinta-feira (28), o pre­sidente Jair Bolsonaro confere socorro aos estados e municípios, impondo a contrapartida solicitada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de congelar o salário de todos os servidores públicos nas três unidades da federação (União, estados e municípios) até dezem­bro de 2021.

A força da expressão usada pelo ministro Paulo Guedes na reunião ministerial, onde classificou o servidor como inimigo a ser explodido por uma ‘granada’, pode ser lida a como um sinal de que o conge­lamento, nos planos do Governo Federal, é só o começo de uma política que pretende ir ainda mais longe, contra o serviço público e contra o funcionalismo.

No momento mais desafiador de sua história, diante da ameaça real de esfacelamento das instituições democráticas e de ataques mor­tais contra o serviço público, o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis renova seu compromisso com a democracia e com a luta pelo respeito aos direitos e anseios nossos servidores e trabalhadores públicos.

Diante da publicação da Lei Complementar nº 173, o SSM/RPGP vem a público exigir a revogação imediata da referida norma que congela salários e impede o crescimento na carreira, as progressões, as novas contrações e até mesmo os concursos públicos. Além de prosseguir defendendo a necessária ampliação e a justa valorização do serviço público”, finaliza.

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