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Bolsonaro se nega a entregar celular ao STF

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Procuradoria Geral da República (PGR) três notícias-crime apresentadas no final de abril por políticos e partidos de oposição sobre suposta interferência do pre­sidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Os pedidos foram feitos pela deputada federal Gleisi Hoffman e pelo governador da Bahia, Rui Cos­ta, ambos do PT, e pelas banca­das do PDT, PSB E PV.

Entre as medidas solicitadas nos requerimentos e encami­nhadas para avaliação do Mi­nistério Público Federal (MPF), estão o depoimento do presi­dente e a busca e apreensão do celular dele e de seu filho, Carlos Bolsonaro, para perícia. Caberá ao procurador-geral da Repú­blica, Augusto Aras, analisar as notícias-crime e se manifestar sobre os pedidos. A decisão so­bre permitir ou não a apreen­são dos aparelhos, no entanto, será do ministro.

A intimação do ministro do Gabinete de Segurança Ins­titucional, Augusto Heleno, da deputada Carla Zambelli (PSL) e do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, incluindo devassa nos celulares dos dois últimos, também estavam entre as solici­tações da oposição. As medidas, porém, já foram determinadas pelo decano e cumpridas pe­los investigadores no âmbito do inquérito aberto no final de abril para apurar se o presidente tentou obter informações sigilo­sas de investigações conduzidas pela Polícia Federal que pudes­sem afetar seu núcleo familiar.

Bolsonaro disse que não vai entregar o celular porque o aparelho não é pessoal, e sim institucional, e que contém con­versas com chefes de Estado. O presidente da Ordem dos Ad­vogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, usou as redes sociais para rebater o ministro Augusto He­leno (Gabinete de Segurança Institucional), que divulgou nota à nação afirmando que um eventual pedido de apre­ensão do celular do presidente Jair Bolsonaro poderá ter con­sequências imprevisíveis para a estabilidade do país.

“General Heleno, as insti­tuições democráticas recha­çam o anacronismo de sua nota. Saia de 64 e tente con­tribuir com 2020, se puder. Se não puder, #ficaemcasa”, es­creveu, pelo Twitter. A nota à nação de Heleno afirmava que pedidos de apreensão contra o presidente é incabível e, até certo ponto, inacreditável.

Em despachos enviados nesta quinta-feira, 21, à PGR, Celso de Mello ressaltou ser dever jurídico do Estado pro­mover a apuração da “autoria e da materialidade dos fatos delituosos narrados por qual­quer pessoa do povo”. Ao pedir uma manifestação de Augusto Aras, o ministro aumenta a pressão contra o governo, que vem acenando ao Centrão na tentativa de se blindar no caso de uma eventual abertura de processo de impeachment.

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