Murilo Bernardes
No dia 14 maio de 2018, o Botafogo Futebol Clube anunciou a formatação de uma sociedade anônima em parceria com a empresa Trexx Holding, presidida por Adalberto Baptista, empresário e ex-diretor do São Paulo Futebol Clube.
Na negociação, ficou definido que a Botafogo S/A, empresa oriunda da sociedade entre BFC e Trexx, passaria a gerir o futebol do Pantera. Desde então, todos os custos com funcionários, atletas e demais despesas são da S/A.
Passados dois anos da assinatura dos contratos, a crise política entre as partes continua atrapalhando o andamento da BFSA. No centro do desentendimento estão os contratos de formatação da sociedade.
Dívida
Em entrevista ao programa Wsports News, Adalberto Baptista falou sobre a construção da Arena e confirmou que os valores gastos no empreendimento estão na casa dos R$ 23 milhões. O mandatário também reiterou que o BFC não deve nada a Trexx por conta da construção do espaço.
“Todos os investimentos feitos na construção da Arena estão entre R$ 22 e 23 milhões. O investimento foi feito pela Botafogo S/A com o dinheiro que foi integralizado na construção da sociedade. O Botafogo não deve nada para a Trexx, a BFSA tem alguns mútuos que foram feitos em razão da majoração do custo e que vai ser pago ao longo do tempo com a receita da própria arena”, afirmou Baptista.
Sobre o prejuízo de R$ 15 milhões apresentado nos primeiros anos da sociedade, Baptista deu detalhes sobre os valores e explicou como será feita a equalização da divida.
“Primeiro, essas despesas e esses investimentos foram feitos pela Botafogo S/A. O BFC não tem nada a ver com isso. É claro, que, se a BFSA fechar, a Trexx tem que arcar com 40% do prejuízo e o Botafogo 60%. Mas, isso não é um prejuízo operacional. Destes 15 milhões, por volta de 8 milhões foram gastos no futebol e nós já sabíamos desse custo”, disse.
Estádio
Um dos maiores receios do torcedor botafoguense é a perda do único patrimônio do clube, o estádio Santa Cruz, para Adalberto Baptista. Sobre o assunto, o investidor afirmou que o torcedor deve, sim, ter medo, mas não de perder o estádio para ele e sim para as dividas que o clube tem.
“O torcedor tem que ficar muito apavorado mesmo, porque tem muita chance de perder o estádio, mas não é pra mim, não é para a Trexx, não é para a S/A e sim pelas dívidas fiscais, dívidas trabalhistas, pelas outras dívidas que foram contraídas, pelas dívidas com o Coritiba e por uma dívida grande que apareceu agora que ninguém conhecia de Santa Catarina, que bloquearam alguns recursos da Federação Paulista”, reiterou.
“Todo o dinheiro que é devido pela arena, já está dentro do prejuízo de 15 milhões. Desses 15 milhões nós estamos com 12 milhões de dívida, porque os outros cinco já tinham sido aportados. O Botafogo S/A não deve, e espero continuar assim, porque a gente não sabe como vai passar da pandemia, um real de imposto, um real de salário, um real de nada e não tem um empréstimo em banco. Tem alguns mútuos que foram feitos com a Trexx, onde ele só vai ser pago quando as receitas da arena retornarem. Não será tirado um real do futebol para pagar isso. As pessoas do Botafogo Futebol Clube, que fazem parte do Conselho, aprovaram, sabem, têm conhecimento, mas é claro que as pessoas distorcem as palavras e colocam pânico no torcedor para tentar atacar, porque é um problema político ”, concluiu.
Quando questionado sobre a possibilidade de sua empresa ficar com o estádio por conta das dívidas, Baptista foi enfático e afirmou que nunca tomará atitudes para que isso aconteça. Porém, reiterou que se o estádio for para leilão, a Botafogo Futebol S/A pode pleitear o Santa Cruz.
“Eu garanto que nunca vou tomar nenhuma atitude para que o estádio venha para a Trexx. Para a Trexx ele não virá, mas eu não duvido que o estádio vá a leilão e que se tiver uma proposta, o Botafogo S/A vá e exerça um direito de preferência pelo mesmo preço que consta na escritura. Quem vai perder o estádio é o Botafogo Futebol Clube, se continuar não gerindo as dívidas da forma como deveria estar”, finalizou.