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Neuropsicometria Cognitiva (17): Covid-19 e a Comunicação de Risco

O manejo de um surto pandêmico, na proporção do atual em andamento no planeta, envolve uma dedicação plena e um planejamento extremamente inteligente. Fundamentalmente, é necessária uma avaliação válida e confiável dos riscos prováveis, e dos recursos necessários, para combater, de forma otimizada, a propagação do vírus nos diferentes segmentos sociais. Estes, por sua vez, requerendo diferentes tomadas de decisão.

O processo de comunicação de risco, neste contexto, é uma das principais ferramentas de saúde pública que visa manter sob controle o mais rapidamente possível, e com o mínimo de perturbação, o controle do surto pandêmico. Para alcançar este objetivo, a comunicação eficiente do risco é essencial como uma das principais ferramentas psicológicas que qualquer governo deve fazer uso. Entretanto, há uma percepção geral de que as autoridades de saúde não estejam dando a atenção devida a essa ferramenta.

A comunicação de risco envolve fornecer ao público a informação de que eles necessitam para tomarem decisões bem respaldadas sobre como proteger sua saúde e segurança. Os elementos importantes das diretrizes de comunicação recomendadas pela Who (2005-8) podem ser sumaria­das em cinco grandes recomendações: 1ª) anunciar a pandemia o mais cedo possível, mesmo com informações ainda incompletas, visando minimizar a disseminação de rumores, fake news e má informação; 2ª) fornecer informação sobre o que o público pode fazer para tornar-se ele próprio mais seguro; 3ª) manter a transparência para assegurar a confiança do público; 4ª) demonstrar quais esforços estão sendo feitos para entender a visão do público, e a preocupação do mesmo, sobre a pandemia; e 5ª) avaliar o impacto dos programas de comunicação para assegurar que as mensagens estão sendo corretamente entendidas e que as orientações apropriadamente seguidas.

Também a comunicação de risco envolve recomendar de forma apropriada as práticas higiênicas, tais como lavar as mãos com sabão ou álcool gel, espirrar e tossir cobrindo adequa­damente nariz e boca e, importante, ter consciência das próprias mãos, isto é, cuidando para não tocá-las nos olhos, nariz ou boca, limpando as superfícies domésticas e usando máscaras de rosto. Pesquisas indicam que a disseminação do vírus respiratório pode ser reduzida pelo uso frequente de lavagem das mãos e uso da máscara em ambientes públicos.

Uma outra esfera em que a comunicação de risco é ainda importante envolve o comporta­mento de distanciamento social. Este refere-se às intervenções, recomendadas ou obrigatórias, emitidas pelas autoridades de saúde visando reduzir a probabilidade de que pessoas infectadas possam disseminar a doença para outras. Pode, também, incluir alguns dos seguintes passos, dependendo da gravidade do surto pandêmico: quarentena das pessoas infectadas, fechamen­tos das escolas e dos ambientes de trabalho, cancelamento de aglomerações públicas como eventos esportivos, concertos, teatro, cinema, shoppings etc. Importante também é a atuação do processo de comunicação de risco em solicitar às pessoas que aumentem seu espaço inter­pessoal, mantendo uma distância mínima de um a dois metros em geral, principalmente de pessoas que demonstrem algum traço de infecção.

Para se ter sucesso no distanciamento social, este deve ser efetuado imediata, rigorosa e consistentemente. Principalmente para as crianças e adolescentes, uma vez que estes grupos etários contribuem desproporcionalmente para a disseminação da infecção. De acordo com a Agência de Controle de Infecção Norte-Americana, as escolas servem como pontos de am­plificação das epidemias de influenza sazonais, sendo as crianças desempenhadoras de papel significativo na introdução e transmissão do vírus desta. Assim, escolas e pré-escolas são hot spots para a disseminação de tal doença.

Logo, a ferramentas Comunicação de Risco talvez seja o método contemporâneo mais efi­ciente e econômico para se manejar pandemias, pois ela própria ajuda outros métodos adicio­nais como, por exemplo, vacinas, antivirais, práticas higiênicas e distanciamento/isolamen­to. Mas uma coisa é clara: fatores psicológicos são importantes no desenvolvimento das men­sagens de comunicação de risco e tais fatores determinam o impacto de tais mensagens.

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