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A vida dos educandos durante a pandemia

A educação básica pública brasileira, com raras exceções encon­tra-se há muito tempo na enfermaria, e com essa nova política do Ministério da Educação está indo para a UTI. O isolamento social trouxe no seu bojo o ensino remoto, e com isso ficou escancarado à segregação social, que os documentos oficiais não mostram.

Em tempos de pandemia todos opinam sobre o ensino remoto, especialistas falam das dificuldades para que todos tenham as mes­mas condições para participarem dessas aulas, os professores falam das dificuldades familiares, e o aumento de suas jornadas, os pais reclamam da situação de miserabilidade que se encontram, sem em­prego, sem renda e sofrendo para tentar receber o auxílio emergen­cial do governo federal, só não são ouvidos os educandos, que são os principais atores no elenco da educação básica.

Os modelos educacionais adotados nas redes públicas brasileiras são idênticos na forma e no conteúdo, priorizando o tradicionalismo e o confinamento. A necessidade do isolamento social mostrou que o confinamento não contribuiu para a autonomia e o aprendizado do educando, e isso aprofundou o desinteresse pela escola, principal­mente nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, pois na visão deles a escola não acrescenta nada de bom nas suas vidas – e isso é muito triste.

O que era ruim tende a piorar muito mais, pois o isolamento social sem planejamento vai escancarar e aprofundar a vergonha da desigualdade social, que nos compara a África Subsaariana. Nas redes públicas da educação básica, nunca ouve uma preocupação com a vida do educando fora dos muros das escolas, mesmo a lei garantindo este acompanhamento – nada acontece. Eu já ouvi uma secretária de Educação de Ribeirão Preto dizer para um grupo de mães, que a responsabilidades da escola terminava no portão, e de lá para cá ao que parece nada mudou.

Ouvido a meninada, que tem muito para falar deste momento, pois podem expressar com liberdade e autonomia seus pensamen­tos, sem os olhares de censura que sempre dominaram o ambiente escolar, e podem refletir sobre suas vidas.

Nas lições enviadas para os educandos havia uma pergunta, que diz muito para este momento, e que a maioria respondeu como manda o protocolo, e como o mestre mandou, pois se responder o que pensa vai encontrar dificuldades no futuro. A pergunta era: Como você está se sentindo longe do ambiente escolar? Tiveram duas respostas; uma oficial, para dourar a pílula, dizendo que estavam ansiosos para o retorno as aulas, e outra verdadeira, onde diziam que estavam adorando ficar longe da escola, somente sentin­do demais a falta da convivência e o companheirismo com os outros alunos, mas esta resposta ficou com o grupo.

Notamos a felicidade nos rostos dos educandos quando o pro­fessor anuncia que não vai haver aula durante alguns dias – alguma coisa esta fora da ordem.

O ensino remoto proposto para a Rede Municipal de Educação vai aprofundar o desinteresse de uma parcela dos educandos, pois não levam em conta os horários em que pais e responsáveis, junto com os educandos possam tirar as dúvidas sobre os conteúdos com os professores, pois os grupos de whatsapp são bloqueados às 17 horas. A baixa participação dos educandos mostraque alguma coisa precisa ser feita.

Agora é o momento para se tentar uma aproximação mais efetiva com os familiares, tentar estabelecer um horário em que a maioria possa participar pelo menos uma vez por semana. Temos que sair seres humanos melhores ao final desta pandemia!

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