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CPI das Ambulâncias quer ouvir secretários

A primeira reunião da Co­missão Parlamentar de Inqué­rito (CPI) das Ambulâncias, aprovada na Câmara de Verea­dores para investigar o contrato de locação – sem licitação – de quatro viaturas pelo período de quatro meses, no valor de R$ 1.103,419,27, ocorreu na tarde desta quinta-feira, 14 de maio.

A empresa contratada pela prefeitura de Ribeirão Preto é a SOS Assistência Médica. A reu­nião foi realizada por vidocon­ferência e definiu as primeiras ações a serem realizadas. A co­missão é presidida por Orlando Pesoti (PDT) e composta pelos vereadores Alessandro Maraca (MDB, vice-presidente), Renato Zucoloto (PP, relator), Jean Co­rauci (PSB), Paulo Modas (PSL) e Marinho Sampaio (MDB).

Na opinião de Orlando Pe­soti e Marinho Sampaio, Ribei­rão Preto não precisava locar ambulâncias porque desde 2010 recebeu muitos veículos deste tipo do governo federal. O eme­debista afirma que vai entregar documentos a CPI para com­provar que, entre 2010 e 2014 – na gestão da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) –, a prefeitu­ra recebeu 24 viaturas do Minis­tério da Saúde.

Ressalta ainda que, entre 2017 e 2018, já na gestão de Du­arte Nogueira Júnior (PSDB), a cidade recebeu outros seis veículos que também foram solicitados pela administração Dárcy Vera. Já Orlando Pesoti diz que o site da prefeitura, no link notícias, traz a informação de que nos meses de outubro e dezembro do ano passado Ri­beirão Preto também recebeu um total de sete veículos do governo federal.

As denúncias de eventuais irregularidades também estão sendo investigadas pelo Minis­tério Público Federal (MPF). Na segunda-feira, 11 de maio, a Polícia Federal realizou busca e apreensão de documentos na Secretaria Municipal de Admi­nistração, na da Saúde, na sede da empresa contratada e na casa de um de seus sócios para reco­lher documentos.

As investigações tiveram iní­cio após denúncias de que ha­veria superfaturamento na lo­cação. Um empresário do setor também denunciou o direciona­mento na contratação pois, se­gundo ele, o prefeito seria amigo do dono da empresa contratada, a SOS Assistência Médica. Além de solicitar documentos e reali­zar diligências, a comissão pre­tende ouvir vários secretários.

Estão na lista, entre outros, o secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini; a secretária dos Negócios Jurídicos, Jéssica Helena Rocha Vieira Couto; a ti­tular da Administração, Marine Oliveira Vasconcelos; a procu­radora Ana Maria Seixas Pater­lini; o sócio da SOS, Aníbal Leite Carneiro Junior; e a agente de Administração do Departamen­to Administrativo e Financeiro da Secretaria da Saúde, Marcela Santos Cândido Costa.

Também deverão ser con­vidados os diretores das outras empresas do setor que também apresentaram orçamento à pre­feitura. A CPI das Ambulâncias tem 120 dias para ouvir os en­volvidos no processo de com­pras e supostas testemunhas, além de fazer diligências e ana­lisar documentos e orçamentos de concorrentes. O prazo é pror­rogável por mais 120 dias.

Outro lado
Desde que surgiram as de­núncias de possíveis irregu­laridades, a Secretaria Muni­cipal da Saúde tem afirmado que todo processo seguiu as orientações do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) e do Ministério Pú­blico Estadual (MPE).

Diz que o contrato de pres­tação de serviços das ambulân­cias privadas foi assinado com a finalidade exclusiva para atendi­mentos de remoção e transporte de pacientes entre unidades de saúde e hospitais, assim como altas hospitalares e residências, chamados “transportes sanitá­rios” (casos não urgentes).

A secretaria garante ainda que o valor estimado para o mesmo serviço, caso fosse reali­zado pelos próprios municipais, chegaria a cerca de R$ 110 mil mensais e seriam realizados por plantões extras, já que se trata de equipe provisória para o perío­do da pandemia de covid-19. O prefeito Duarte Nogueira disse, em entrevista coletiva, que confia no trabalho da Polícia Federal.

Ressalta que as investigações são importantes para a compro­vação de que o processo de con­tratação foi totalmente regular. “Confio no trabalho da Polícia Federal e é importante que seja feito para ter a certeza de que a condução do processo foi total­mente regular”, afirmou.

Na mesma coletiva o secretá­rio Sandro Scarpelini afirmou que a decisão de alugar as ambulâncias foi tomada diante da previsão de possível aumento descontrolado no número de casos do novo co­ronavírus na cidade. Atualmente, a cidade tem 14 viaturas básicas do Serviço Móvel de Atendi­mento de Urgência (Samu) e duas viaturas de UTI móvel. “Todo o processo passou pelo jurídico da prefeitura”, disse.

Ainda segundo o secretário, a ex-mulher de Scarpelini foi sócia da empresa vencedora da licitação quando a companhia foi fundada. Afirmou ainda que deu assessoria para a SOS du­rante alguns meses, mas que não tem mais vínculos com a contra­tada. “Minha tranquilidade é to­tal com relação a isso”, concluiu.

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