As vendas de etanol pelas unidades da região Centro-Sul, para os mercados interno e externo, registraram novamente queda na segunda quinzena de abril e, por consequência, o volume mensal comercializado no mês atingiu 1,78 bilhão de litros (com 76,77 milhões de litros exportados). Esse nível de vendas representa uma retração de 29% comparativamente ao mesmo período do ano anterior (2,55 bilhões de litros).
No mercado doméstico em abril, as vendas de etanol hidratado combustível atingiram apenas 1,10 bilhão de litros, com redução expressiva de 38,37% em relação ao comercializado no mesmo período de 2019, quando as unidades produtoras venderam 1,78 bilhão de litros. Da mesma forma, as vendas internas de etanol anidro apresentaram redução de 18,97%, atingindo 480,19 milhões de litros em abril de 2020 contra 592,62 milhões de litros em igual período do ano anterior.
Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), “apesar do recente aumento na competitividade do biocombustível frente seu concorrente fóssil nos principais centros consumidores, a demanda de etanol segue com um futuro incerto em função dos impactos da pandemia com o isolamento social e das oscilações no preço da gasolina”.
Dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e compilados pela Unica mostram que na semana entre 3 a 9 de maio, 170 cidades já apresentaram preço relativo entre etanol versus gasolina abaixo da paridade técnica de 70%. No Estado de São Paulo, principal centro consumidor, os números indicam que em 88% dos municípios paulistas, incluindo a capital, o hidratado foi mais competitivo nas bombas em relação ao derivado fóssil na última semana.
Moagem e produção de açúcar e etanol
A moagem de cana-de-açúcar pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somou 37,96 milhões de toneladas na segunda metade de abril, contra 31,73 milhões de toneladas verificadas no mesmo período na safra 2019/2020. Da quantidade total de cana-de-açúcar processada na quinzena, 45,76% foi destinada à fabricação de açúcar, ante os 30,87% registrados na mesma data de 2019.
Como consequência, a produção da commodity quase dobrou (93,46%) nos últimos quinze dias de abril de 2020, atingindo 2,02 milhões de toneladas. Somadas as duas quinzenas de abril, a moagem alcançou 60,38 milhões de toneladas (aumento de 32,33% na comparação com igual período do ciclo 2019/2020), com a fabricação de 2,98 milhões de toneladas de açúcar (115,83%), 615,91 milhões de litros de etanol anidro (56,47%) e 1,94 bilhão de litros de etanol hidratado (5,15%).
A produção de etanol, por sua vez, totalizou 1,57 bilhão de litros na quinzena, contra 1,50 bilhão fabricados em igual período do ciclo 2019/2020. Do total produzido esse ano, o hidratado atingiu 1,14 bilhão de litros e o volume produzido de anidro cresceu 36,95%, alcançando 438,50 milhões de litros.
Um quarto das usinas de açúcar e álcool em operação no país corre o risco de fechar as portas até o fim do ano por causa da crise do coronavírus. Sem capital de giro para pagar as contas de curto prazo, parte dessas empresas tem sido abatida pela forte queda de demanda pelo combustível. O caso foi ainda mais agravado pelo derretimento do preço do petróleo – a cotação do etanol tem como referência a gasolina.
Com cerca de 350 usinas sucroalcooleiras em operação no País, o setor viu as cotações do álcool recuarem de R$ 2 para R$ 1,30 o litro (valor líquido) e a demanda cair mais do que 50%, diz a Unica. Grupos mais capitalizados têm fôlego para armazenar sua produção de etanol e até mudar o mix da indústria, passando a produzir mais açúcar, para passar o momento mais agudo da crise.