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Cientistas de RP integram força-tarefa de ONG americana para pesquisa do Covid-19

© Agência Gazeta

Foram trinta candidatos classificados, doze finalistas e, finalmente, sete vencedores da bolsa de estudos emergencial oferecida pela ONG Dimen­sions Sciences para cientistas brasileiros trabalhando em pesquisa e diagnóstico na força tarefa covid-19 no Brasil. São quatro mulheres cientistas e três homens, todos jovens altamente capacitados e com futuro ainda mais promissor, dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. A disputa foi intensa. Dois deles são de Ribeirão Preto.

Para a obtenção desses re­sultados, um grupo de 21 especialistas produziu cen­to e vinte relatórios (cada candidato foi analisado por cinco avaliadores) com base na viabilidade, impacto para pacientes com covid-19 e no perfil dos candidatos.

Os vencedores das bolsas de estudos, jovens graduados ou estudantes de pós-gradua­ção, estavam trabalhando sem qualquer suporte financeiro no desenvolvimento de atividades importantes voltadas aos tes­tes diagnósticos, vacinas, tra­tamentos ou bioinformática. Cada um dos bolsistas recebe­rá o total de R$ 6.5 mil em um período de três meses a partir do dia 15 de maio. Além dis­so, contarão com o suporte da Dimensions Sciences para seu desenvolvimento profissional e pessoal dentro de um progra­ma de mentoring.

Os vencedores são: Rô­mulo Leão Silva Reis (Rio de Janeiro) – UFRJ – Instituto de Microbiologia; Lilian Cristina Russo (São Paulo) – USP – Ins­tituto de Química; Ítalo Castro (Ribeirão Preto) – USP – Facul­dade de Medicina; Gláucia Ri­gotto Caruso (Ribeirão Preto) – Supera Parque de Incubação de Inovação Tecnológica; Ju­liana Gularte (Novo Hambur­go) – Universidade Feevale; Leonardo Schultz da Silva (São Vicente) – Universidade Esta­dual Paulista – Instituto de Bio­ciências; e Isabela Lemos de Lima (Uberlândia) – Univer­sidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biotecnologia .

Ao terminar o processo de avaliação dessas bolsas emer­genciais para o Brasil, a Di­mensions Sciences manterá três cientistas em lista de espe­ra para levantar mais recursos e poder agraciar mais bolsas durante esse período crítico da saúde mundial. O plano é ainda maior: continuar a desenvolver esse tipo de programa em longo prazo e expandir globalmen­te, oferecendo oportunidades para cientistas de todo o mun­do, principalmente para aque­les considerados minorias.

Quem são os cientistas de Ribeirão Preto

Ítalo Castro
Atualmente candidato ao título de PhD da USP em Biologia Celular e Molecular, é especialista no vírus Influenza e, com a bolsa de estudos, pretende entender melhor a patogênese de infecção do novo coronavírus de modo a encontrar uma maneira de defender o nosso organismo da doença.

“Atualmente trabalho com a infecção de vírus respi­ratórios em órgãos e células do sistema imune. Nós sabemos que vários vírus, inclusive o vírus da gripe (como demonstrado pelo nosso grupo de pesquisa), podem infectar e se manter viáveis em órgãos e células responsáveis por organizar respostas imune para combater os vírus.
Compreender esse fenô­meno no qual os vírus tiram vantagem de células inicialmente profissionais em combater infecções virais é de suma importância, já que isso pode impactar diretamente na evolução do prognóstico dos pacientes de covid-19. Além disso, dissecar a infecção seletiva de células do sistema imune pode ser útil para definir importantes condutas terapêu­ticas. Por fim acreditamos que órgãos linfoides, como amígdalas, linfonodos e baço, são possíveis santuários onde vírus podem se manter sem causar sintomas, mas em decorrência de algum fator imunossupressor, podem voltar a ser ativos e infec­ciosos para a população, mesmo após o período da pandemia”.

Gláucia Caruso
Aos 26 anos é mestre pela Universidade de São Paulo (USP), demonstra paixão pela ciência e pretende melhorar o processo de diagnóstico, avaliando testes mais rápidos e estudando outras metodologias de teste.

“Estou inserida no projeto Supera Ação, que conta com a participação de startups do parque tecnológico da USP e com mais de 90 voluntários em prol da realização de testes de diagnósticos moleculares em Ribeirão Preto. Nós visamos aumentar a capacidade de testagem do sistema de saúde municipal, possibilitando reduzir a taxa de infecção e mortalidade por covid-19 realizando até 30 mil testes. Esse projeto possui um grande impacto social porque o foco é a realização de testes em pacientes que dependem exclusivamente do sistema público de saúde (SUS). Ainda em paralelo estão sendo conduzidas pesquisas que visam otimizar, maximizar e melhorar as técnicas e protocolos existentes para o diagnóstico do coronavírus”.

O que é a Dimensions Sciences
A Dimensions Sciences é uma nova organização sem fins lucrativos formada em novembro de 2019 nos EUA. A missão é investir em estudantes talentosos com ideias para possíveis soluções para problemas científicos desafiadores, como o novo coronavírus.

Cientista se diz preocupada com falta de investimentos em pesquisas

A fundadora da entidade, Marcia Fournier, é brasileira (carioca) com 20 anos de experiência em pesquisas em saúde. “Atual­mente, o Brasil é o nosso foco, e queremos avançar rapidamente para ter um impacto profundo nas carreiras dos cientistas brasi­leiros e na comunidade científica global como um todo”.

Fournier, especialista em tecnologia da analise do genoma e em inteligência artificial. Marcia mudou-se para os EUA com uma bolsa de intercâmbio internacional para realizar sua pesquisa de doutorado em oncologia no Dana-Farber Cancer Institute, em Boston. Depois de receber seu Ph.D. da Universidade do Rio de Janeiro, Brasil, ela teve a oportunidade de trabalhar nas princi­pais instituições do país, incluindo Lawrence Berkeley National Labs fazendo pós-doutorado e GlaxoSmithKline como principal cientista. Mais recentemente, Marcia liderou uma empresa de biotecnologia, Bioarray Genetics, nos últimos 10 anos.

Em entrevista ao Tribuna, salientou a necessidade de investimento em pesquisas. “Contando com cortes de bolsas, cortes de fomento às pesquisas e mais a crise do covid-19, foi criada uma situação que precisa de atenção. Não só a gente quer dar o suporte financeiro a esses profissionais, mas também orientação e mentoria para que eles possam crescer dentro da profissão e ficarem no Brasil. Se tornarem os próximos líderes da área de saúde. A ciência vai nos ajudar com crises futuras.”

A cientista comentou ainda o papel do cientista brasileiro no cenário mundial. “Temos um papel de desta­que, expoente no palco mundial. Nos últimos 15 anos tivemos um aumento significativo de publicações brasilei­ras em revistas de alto impacto. Não podemos colocar essa posição em risco por falta de investimentos.”

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