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O monoteísmo

Antes da existência de Portugal e Espanha, os árabes inva­diram a Península Ibérica e ali permaneceram de 711 até1492, quando então Colombo descobriu a América. Foram derro­tados pelos Reis Católicos Fernando e Isabel. A relíquia viva da derrota árabe está em Granada, o castelo de “Alhambra”, o “vermelho”.

A cidade fica no sul da Espanha. O “Alhambra” foi constru­ído sobre um morro. A sua arquitetura é admirável, demons­trando o alto grau da sociedade árabe da época. É servido por um sistema de água encanada, regime que, até hoje, muitas comunidades brasileiras ainda desconhecem. Trata-se de um dos pontos culturais mais visitados do mundo.

Ali o príncipe árabe assinou um termo reconhecendo a der­rota de suas tropas pelos cristãos que, por sua vez, admitiram a convivência entre os dois povos, projetando a Espanha de hoje. Os árabes foram derrotados pelos cristãos, mas não foram expulsos por eles da Península Ibérica. Os árabes ficaram no poder por mais tempo na Península Ibérica do que os quinhen­tos e poucos anos de existência do Brasil.

Afirma-se que o príncipe árabe chorou ao assinar o termo e a sua mãe o repreendeu dizendo que “parasse de chorar como uma mulher pelo que não soube manter como homem”. A dominação gerou uma língua portuguesa e espanhola, mistu­rando-se, sabe-se lá como, com o latim e com o árabe.

Na época da dominação árabe, a cidade de Córdoba foi berço de dois gênios, Maimônides, um judeu, e, Averrois, um árabe. Todos dois eram filósofos e médicos e cultores da filoso­fia grega, até então proibida para os cristãos.

Outro mulçumano, Ibnisina, também leitor de Aristóteles, criou a primeira escola de medicina. Ibnisinadeu o seu nome para a medicina.

Os judeus e os árabes cultivavam a filosofia e principal­mente aquela nascida na Grécia. Maimônides foi um dos mais notáveis marcos do judaísmo. Averrois é reconhecido como o tradutor e o principal cultor de Aristóteles. Ele, Maimônides e Ibnisina eram aristotélicos.

A influência de Averrois foi tão grande que até mesmo a escola francesa, daqueles tempos, foi acusada de averroismo. A literatura registra que Santo Alberto Magno teria orientado São Tomás de Aquino a debruçar-se sobre as obras dos árabes, alinhando-se ao aristotelismo.

Os vocábulos populares misturaram-se durante aqueles oito séculos. Os árabes não perseguiam os cristãos e os judeus, por eles reconhecidos como os “homens do livro”, ou seja, da Bíblia que revelava a existência de um só Deus para as três religiões: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo.

Por todo lado há registro da contaminação cultural, tanto na Espanha como em Portugal. Júlio César foi pró-consul na região e no território espanhol instalou uma cidade com o seu nome. Afirma-se que os árabes não conseguiram pronunciar corretamente o seu nome. Por tal razão, a cidade que foi bati­zada como “Júlio Cesar”, mas converteu-se em “Zaragoza”, pela pronúncia arábica.

No limite do território de Israel com a Palestina está o Mon­te Nebo, local onde Moisés morreu, vendo a Terra Prometida, sem, no entanto, ultrapassar seus limites, segundo a Bíblia.

No Monte Nebo há um monumento edificado pelos cris­tãos, com a seguinte frase: “Unus Deus, pater omnium, super omnes”, ou na nossa língua: “um só Deus, pai de todos, sobre todos”. Trata-se, como se vê de uma síntese. Os cristãos, os ju­deus e os árabes acreditam no mesmo Deus, que é pai de todos e que permanece acima de tudo. São monoteístas. A fé uniu os irmãos sob o mesmo Deus?

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