O governo de São Paulo vai aplicar, a partir de 15 de maio, testes rápidos de coronavírus em pessoas que não apresentam sintomas da covid-19 mesmo após expostas a pacientes com a doença. O projeto piloto é feito em parceria com a Polícia Militar e abrange 35 mil profissionais da capital e seus familiares, totalizando 145 mil pessoas.
Cerca de um milhão de exames serão usados na primeira fase. Do total, 500 mil foram comprados por R$ 30 milhões pelo Instituto Butantan, que coordena a Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico de Coronavírus no Estado. Os demais kits foram fornecidos pelo Ministério da Saúde e já estão em fase de envio aos municípios – a aplicação dos testes e envio das amostras para as análises fica a cargo das prefeituras.
O teste rápido de Igm/Igg, que identifica em aproximadamente 15 minutos a presença de anticorpos do coronavírus no sangue, será usado em pessoas que permaneceram assintomáticas por mais de 14 dias após contato com pacientes de covid-19. O protocolo para as pessoas sem sintomas será a realização do exame do tipo RT-PCR, que identifica o material genético (RNA) do vírus.
Esse tipo de exame já está sendo realizado na rede pública de São Paulo desde o início de março, com prioridade para mortes suspeitas, pacientes com síndromes respiratórias graves e profissionais da saúde. O teste rápido também será realizado em profissionais da saúde e da segurança pública; internos da Fundação Casa e detentos do sistema prisional; doadores de sangue; pessoas que vivem em asilos, casas de repouso, orfanatos e comunidades terapêuticas.
A realização do teste rápido também será indicada para pessoas que manifestaram sinais leves da doença após 14 dias do fim dos sintomas. Para pacientes com os sintomas, mesmo leves, será indicado o exame de RT-PCR. “Estamos ampliando a estratégia de testagem da população e esperamos com isso ter uma melhor dimensão da curva de infecções no Estado de São Paulo. Isso é fundamental para a tomada de decisões no enfrentamento da pandemia”, afirma Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan.
Estudo semelhante será realizado em Ribeirão Preto com 728 pessoas, entre esta sexta-feira, 1º de maio, feriado do Dia do Trabalho, e domingo (3), para traçar um gráfico da propagação do novo coronavírus na cidade. O objetivo é fornecer subsídios à administração municipal visando a retomada das atividades comerciais, industriais, educativas e de lazer. A iniciativa pragmática é do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina – ligada à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) – e da Secretaria Municipal da Saúde.
As pessoas já foram sorteadas e serão abordadas em seus domicílios por profissionais devidamente identificados com crachás e uniforme verde ou amarelo do HC e protegidos com equipamentos como máscaras e luvas. Foram levados em consideração o sexo, a idade e o local de residência. Será aplicado termo de consentimento esclarecido e quem concordar em participar deverá responder a um questionário contendo seletas variáveis clínicas e demográficas, passar por coleta de sangue e de swab de nasofaringe.
Sobre a rede de laboratórios
A Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico do Coronavírus foi criada em 3 de abril e zerou a demanda reprimida por exames de RT-PCR em menos de 20 dias. Ao todo, são 42 laboratórios habilitados e capacidade para fazer até 5 mil exames por dia e, a partir de maio, a capacidade será de até 8 mil processamentos de amostras diárias. São Paulo terá capacidade de realizar cerca de 27 mil exames de PCR por milhão de habitantes, número superior ao de países como EUA, França e Reino Unido.