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Sustentabilidade de valores!

A pandemia do novo coronavírus (covid-19) remete a humanidade a rever valores que já não eram mais conside­rados ou tidos como meramente ultrapassados. De repente nos deparamos diante de “gemidos” da natureza e de cenários assustadores como centenas de corpos humanos simplesmen­te descartados em valas comuns, sem os habituais ritos de encomendação: tudo para evitar a proliferação do contágio de um vírus que entrou na vida de toda a humanidade, sem nem mesmo pedir licença. Mesmo assim, não podemos esquecer­-nos da sustentabilidade de valores.

Sob a nuvem do isolamento social continuam amplas dis­cussões na sociedade, que espera respostas imediatas dos três Poderes constituídos, que repetidamente se dizem indepen­dentes e fortes, mas que na verdade disputam protagonismos, nem sempre convenientes, muito menos em meio a pande­mia, quanto à cidadania, direitos, deveres, descriminalizações desses ou daqueles grupos específicos, com manifestações das mais diversas.

Fica a impressão de que o Congresso seja responsável pela sustentabilidade de valores, elaborando novas leis ou reinter­pretando a Constituição nem sempre conhecida, cumprida ou aceita, quando não devidamente salvaguardada pela Suprema Corte. Deveria ser tempo de unidade ao invés de divisões, tempo de esperança ao invés de insegurança. Para isso, todos deveremos colaborar!

Gosto de pensar que a educação básica se solidifica na família. Parece que teremos de rever o conceito do que sig­nifica para o mundo de hoje a família! Seria um “amontoado de pessoas” que assumem comportamentos menos huma­nos? Não nos parece estranho, comportar-nos como “bichi­nhos mais ou menos domesticados” nas casas, que ousamos chamar de lar? Quando alimentamos nossos cachorrinhos e gatos, eles utilizam que tipo de vasilhas? Pratos de porcela­na? Copos de cristal? Ou colocamos a ração deles em potes inquebráveis? Eles sentam à mesa ou comem num cantinho da varanda ou mesmo da cozinha?

É no mínimo estranho ver os membros de uma famí­lia comerem em potes diante da televisão, do computador, falando ao celular; ou ainda, jogados no sofá da sala de estar. Assusta-me quando pergunto determinados grupos de pes­soas, quantas famílias fazem, pelo menos, uma refeição “em família”, sentada em torno de uma mesa, sem televisão ligada. De vinte, geralmente duas são as que tinham tal hábito. As pessoas já nem se encontravam mais na própria casa: esbarra­vam-se de quando em vez, por conta de uma aguda “cultura de sobrevivência”. Já não se vivia mais, sobrevivia-se apenas!

Não poucas vezes sou interpelado, porque falo em pes­soa humana! Os que me questionam perguntam-me: “Toda pessoa já não é humana? Por que então frisar o humano da pessoa?” Friso o humano da pessoa, porque percebo que mui­tas vezes nos comportamos como “desumanos”, animais bem treinados, quando não “coisificamos” nossos semelhantes, tratando-os como bichos. Migalhas, por exemplo, jogam-se às galinhas e não aos humanos. Cada vez que desrespeitamos a única criatura feita à imagem e semelhança do Criador, a pessoa, corremos o risco de promover a cultura do descartá­vel reduzindo-a ao desumano! Que esta pandemia nos ajude a repensar e resgatar a sustentabilidade de valores!

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