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Lá longe, aqui perto

O Estado Militarista – O que está por trás da morte de Kenedy, é um livro de Fred J. Cook que, no final da década de 1960 e início da seguinte, gerou temores e aflições nos pré-universitários e universi­tários, que juntavam às suas inquietações pessoais e sociais, aquela preocupação com a terceira guerra mundial, que poderia acontecer por acidente. Atrás da morte daquele presidente seguramente estava o complexo militar-industrial.

Vivia-se o ambiente mundial da guerra fria. De um lado, os Esta­dos Unidos com o recado destruidor de Hiroshima e Nagasaki, e de outro lado, a União Soviética, que também lançara seu astronauta no espaço, com a vantagem de saber o ponto em que ele aterrissaria.

Mas, a guerra destruidora do mundo poderia acontecer por aci­dente! Era o fantasma da meia-noite que girava na cabeça noturna.

O livro contava muitos episódios de tais e quais acidentes. Mas, um ficou indelével, rememorando a angústia que causava.

Era aquele carro de polícia, com seu rádio ligado, que passara próxi­mo de uma base de míssil norte americana, e que acionara o dispositivo do foguete, fazendo-o deslizar na rampa de lançamento. Um horror contido a tempo e a hora. O susto da leitura deixou sequela.

O filme Dr. Fantástico, de 1964, direção de Stanley Kubrick, e com Peter Sellers, vivendo três personagens, é a comédia sem gar­galhada, mas que congela riso, diante do maluco general americano, que desconfia que o flúor da água servida à população estava conta­minado pelos comunistas. Guerra pra eles. E só ele, general, tinha o código para fazer ou não o conflito.

Depois daquela década, ou durante ela, nunca se sabe, os arse­nais de bombas atômicas, de hidrogênio, as inteligentes, as que só matam quem querem, no lugar que querem, quando querem, só cresceram. Multiplicaram-se os países detentores da bomba. Eis o Paquistão, eis Israel, eis a Coreia do Norte, eis a Índia, a França, todos no exagero de tantas e tantas bombas, quando são necessárias só algumas para destruir as pessoas, os animais e a natureza da terra.
Tanto poder militar, porém, não evitou que os camponeses do Vietnã de expulsarem, primeiro os franceses, depois os norte-ame­ricanos de seus territórios, como os guerrilheiros do Afeganistão vencessem os russos, com ajuda dos americanos, para depois vol­tarem as armas guerilheiras para eles, que até hoje lá se encontram, procurando uma saída negociada. No Iraque entraram, querem ficar por causa do petróleo também, mas historicamente, lá, exercito de ocupação não fica.

Assim foi, ora de brutalidade, ora de aflição, ora de medo, ora de um fiapo de esperança. Chegamos aqui.

Nem os estoques disseminados das bombas, nem a espingarda enferrujada da campanha eleitoral do Brasil, usada como símbolo, nada, nada fez paralisar a ânsia guerreira dos guerreiros, a precisão do ataque das bombas inteligentes, a aposentadoria provisória do divino mercado, o sono dos heróis e dos covardes, dos fortes e dos fracos, dos bons e dos maus, do otimista e do pessimista do que esse vírus democrático e invisível, que não discrimina,entre ricos e pobres, entre jovens e adultos, entre os que são pacientes diante da morte, ou impacientes pela demora dela. Exceção do cavaleiro da morte, que se compraz em quer provar coragem indômita, diante da “gripinha”insignificante, que só mata quem pede pra morrer.

Não é possível que o mundo não transforme a estupidez, que in­siste em desvalorizar o mérito maligno e avassalador desse desgraça­do vírus,e desperte na consciência e no coração de cada um o credo da paz e da solidariedade.

O mundo é pequeno demais pra tanta maldade!

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