Tribuna Ribeirão
Política

Pacto mira subsídio de políticos

ALINE PEREIRA/ CÂMARA

A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), o Centro das Indús­trias do Estado de São Paulo (Ciesp) e o Instituto Ribeirão 2030 divulgaram nesta quar­ta-feira, 22 de abril, o mani­festo intitulado “Em favor de um acto municipal” em que recomendam, entre outras medidas, a redução voluntária de 30% nos subsídios e venci­mentos do prefeito Duarte No­gueira Júnior (PSDB) e dos 27 vereadores da Câmara .

Também seriam atingidos pela proposta integrantes de cargos em comissão do Execu­tivo e Legislativo. Tanto o pre­feito quanto os vereadores não têm salário estabelecido pela Consolidação das Leis Traba­lhistas (CLT). Eles recebem subsídios, sem direito a férias, décimo terceiro e nem vale-a­limentação. O salário líquido atual do prefeito de Ribeirão Preto é de R$ 17.170,94 e o de secretário, de R$ 14.473,07 líquidos. Já os vereadores rece­bem subsídios líquidos de R$ 10.431,33.

Se aderir à ideia, o chefe do Executivo vai deixar de receber R$ 5.151,28, ficando com R$ 12.019,66. Um secretário abri­ria mão de R$ 4.341,92 e fi­caria com R$ 10.131,15. Cada parlamentar “perderia” R$ 3.129,40 e teria creditado em conta R$ 7.301,93. As entida­des sugerem também a revi­são de contratos adequando os objetos, quantitativos e valores à nova realidade e restrição da propaganda oficial exclusivamente para ações de interesse públicas relacionadas à saúde coletiva.

O cancelamento das grati­ficações pagas a integrantes de comitês e comissões também é recomendado. “É isso que pro­pomos ao Executivo e Legis­lativo de Ribeirão Preto. Um ‘pacto municipal’ pela redução das despesas públicas não es­senciais, maior transparência e eficiência na gestão, geran­do recursos para superar este contexto pandêmico. Esta é a chave para iniciarmos um mo­vimento a ser replicado pelo país”, diz parte do texto.

As entidades reconhecem que “passos importantes” já foram dados pela prefeitura e pela Câmara no saneamento das contas, mas ainda há mui­to por fazer. E propõe três li­nhas de frente nesse necessário combate. A primeira envolve­ria medidas emergenciais, de início imediato e alcance tem­poral limitado. A economia proveniente delas será reverti­da para um fundo municipal específico para ações de ampa­ro social, com criação de fren­tes de trabalho para cidadãos desassistidos pela pandemia. A redução voluntária de 30% nos subsídios e vencimentos do prefeito e dos vereadores da Câmara de Vereadores de Ri­beirão Preto estaria nesta fase.

A segunda frente de com­bate envolve uma atualização da máquina pública e o apri­moramento do combate osten­sivo ao risco de abusos, desvios e corrupção. “Necessário, tam­bém, corrigir distorções, revi­sar legislações arcaicas e per­missivas ao escalonamento dos gastos públicos e readequar a estrutura administrativa aos novos tempos tecnológicos”, diz o documento.

Por fim, a terceira linha envolve um trabalho coletivo para a promoção de políticas de fomento à retomada eco­nômica, com reflexos positi­vos em diversas áreas, do so­cial à arrecadação municipal. “Essas sugestões objetivam promover melhor qualidade de vida às gerações futuras, preservação da capacidade econômica e promoção de serviços públicos de qualida­de, com recursos suficientes para investimentos que su­portem um desenvolvimento sadio e sustentável”, afirmam.

Questionado sobre a pro­posta o presidente da Câmara de vereadores Lincoln Fernan­des (PDT) enviou ao Tribuna a seguinte nota: “Temos que aprender a separar o que é oportunismo político de eco­nomia efetiva ao analisar essa questão. Batemos recorde de economia nessa Legislatura encaminhando R$ 53 milhões (R$ 2 milhões para o combate ao coronavírus). Isso é inédito e altamente significativo. Esta­mos trabalhando para ajudar as pessoas. Aprovamos nesse período 21 ações para mini­mizar os efeitos da covid-19, Inclusive envio de verba.

O problema de muitos po­líticos não é o salário, mas re­galias, privilégios e corrupção. Nessa Legislatura nós corta­mos tudo! Nosso Legislativo já está bem mais adiantado. O subsídio é 50% do permitido por lei e monitoramos os de­putados e prefeitos. Além dos funcionários de alto escalão de todos os Poderes Públicos. Nosso duodécimo é 3,89%, sen­do que a Constituição permite 4,5%. Só nessa condição são R$ 12 milhões economizados já an­tes de o ano começar. Estamos falando de uma Câmara Muni­cipal econômica, transparente a altamente responsável”, res­salta o texto. Já a prefeitura informou que não vai se mani­festar sobre o assunto.

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