Vivemos um momento de reivindicações de vários setores pela adequação das normas de isolamento social, com a retomada das atividades econômicas, por meio da reabertura de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços. Temos que preservar as pessoas do contágio pelo coronavírus, ao mesmo tempo em que há a necessidade de atividades econômicas para a manutenção de emprego e renda. É claro que a vida vem sempre em primeiro lugar. Todas as vezes que a prioridade foi econômica, em detrimento da vida, ocorreram grandes catástrofes.
Temos, no entanto, que considerar os anseios das pessoas e analisar com muito critério a situação vivida por nossa cidade, que é diferente das vividas em outros locais, com outras peculiaridades. Sem perder o foco na manutenção da saúde e da vida, devemos discutir o assunto com as pessoas afetadas pela circunstância imposta pela covid-19 e com as autoridades sanitárias, de saúde e científicas em busca de uma solução que contente a maior parte das pessoas e mantenha a segurança necessária de não propagação da doença.
Para que a discussão seja equilibrada e os interessados possam ser ouvidos, institui, por decreto, o Grupo de Transição e Retomada Pós-Covid-19 (GTR-Pós Covid-19), com representantes de nove setores da sociedade, com o objetivo de estabelecer as medidas necessárias para minorar os efeitos da pandemia na cidade. Tem presença garantida no GTR – com um integrante cada – o Gabinete do Prefeito, o Comitê Técnico de Contingenciamento Covid-19, as Universidades, os setores da Indústria, do Comércio, de Serviços, do Agronegócio, Financeiro e do Serviço Social.
Como temos feito desde o início da crise, vamos manter o diálogo, o debate, conversar com todos os interessados na busca de uma solução compartilhada, sem, no entanto, transferir a responsabilidade de decidir. Com o conjunto de informações disponíveis e as análises técnicas dos integrantes dos grupos de trabalho, vou ponderar e decidir o que é melhor para a cidade, sem deixar de lado, em nenhum momento, a segurança e o respeito à medicina e à ciência, que têm norteado as decisões e incentivado as medidas adotadas por líderes do mundo todo neste momento de grave crise da saúde pública.
Tenho convicção de que a maioria compreende a situação vivida hoje no mundo, até pelo grande número de informações disponibilizadas pelos mais diferentes meios de disseminação de notícias. E estas entendem a necessidade do distanciamento entre as pessoas. Mas como vivemos em uma sociedade plural, democrática, temos também os contestadores, que devem ser ouvidos e considerados por suas motivações e argumentos. Até aqui, entretanto, tivemos o entendimento que o isolamento social é a melhor medida para contenção da propagação do coronavírus e aumento de casos da doença.
No momento oportuno vou anunciar as adequações que serão feitas. Para isso vou antes ouvir os setores, por meio dos grupos instituídos. A discussão nos próximos dias será para avaliar como será a adequação do distanciamento, dentro de critérios objetivos, principalmente sobre o comportamento da doença. E também para estabelecer, se for o caso de adequação das medidas de isolamento, os protocolos e ações necessárias no período de retomada.
Há pressões, todas legítimas, pelo relaxamento do isolamento, por sua manutenção e até pela ampliação das restrições. Logo há a necessidade do diálogo, de ponderações e de serenidade na avaliação dos elementos disponibilizados para a decisão. O que posso assegurar é que não me afastarei da prioridade de manutenção da saúde e da vida, em qualquer decisão que tiver que tomar.