A morte do baterista Rubinho Barsotti, na madrugada de quarta-feira, 15 de abril, aos 87 anos, vítima das complicações de uma cirurgia no fêmur feita depois de sofrer uma queda na casa de repouso em que vivia, significou o fim das últimas baquetas de ouro, o último representante da primeira geração dos bateristas brasileiros.
Antes deles, não havia bateria ou, ao menos, ninguém que desse a esse instrumento o status de instrumento, vivo e inteligente. E, por eles, entenda-se uma constelação de três: Milton Banana, Edison Machado e Rubinho Barsotti, todos cascas grossa que se recusaram a domesticar suas levadas mesmo durante a domesticação em massa de baterias, guitarras, baixos e vozes promovida pela bossa nova a partir de 1959.
Foi justamente contra essa sutileza dos bossa novistas que Rubinho se juntou, em 1964, ao pianista Amilton Godoy e ao baixista Luís Chaves para formar o Zimbo Trio. O samba jazz que nascia ao mesmo tempo nas casas da Praça Roosevelt, de São Paulo, e no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro, tinha poderes para se impor com uma força descomunal, sobretudo graças ao vigor dos improvisos, por mais que nunca viessem a fazer frente à popularidade da bossa nova.
Rubinho Barsotti gravou 51 discos com o Zimbo Trio, tocou com Elis Regina, Jair Rodrigues, Elizeth Cardoso e Wilson Simonal e, ao longo da carreira, com mestres do jazz como o pianista Oscar Peterson e Tommy Flanagan, o guitarrista Joe Pass e os saxofonistas Stan Getz e Gato Barbieri e o trumpetista Kenny Dorham. Fundou o projeto de educação musical Clam, com os amigos do “conjunto musical”. Deixa uma legião de discípulos.
Ele foi sepultado no Cemitério do Araçá, em São Paulo. Em publicação do Facebook, o pianista e fundador do Zimbo Trio, Amilton Godoy, esrceveu: “Foram 49 anos de trabalho com o Zimbo Trio, onde juntos fundamos o Clam e ainda gravamos 51 discos juntos! São muitas história e conquistas que dividimos juntos. Para mim, Rubinho sempre foi o melhor baterista de sua geração. Descanse em paz meu amigo!”
Em 1965, o grupo passou a fazer acompanhamento fixo do programa “O Fino da Bossa”, da TV Record, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, e com eles viria a gravar importantes LPs. Rubinho Barsotti se apresentou com o Zimbo Trio até 2010, quando problemas de saúde, especialmente com o Alzheimer, o obrigaram a aposentar-se.