Tribuna Ribeirão
Política

Juiz Nega liberdade a réu da Sevandija

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O ex-presidente do Sindi­cato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis, Wagner de Souza Rodrigues, teve um pedido de liberdade negado pela Justiça de Ribeirão Preto. Condenado a pena de onze anos em regime domiciliar pelos crimes de as­sociação criminosa e peculato na ação penal dos honorários advocatícios, uma das frentes da Operação Sevandija, ele está preso desde 9 de abril do ano passado.

Delator na ação dos hono­rários advocatícios, Rodrigues cumpria pena em regime do­miciliar, mas acabou detido pela Polícia Federal, em um apartamento na região dos Jar­dins, área nobre de São Paulo, acusado de ocultar bens e não informar seu real patrimônio durante os depoimentos ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Orga­nizado (Gaeco). Responde também por vários crimes de lavagem de dinheiro, cuja pena mínima é de três anos.

No pedido de liberdade, a defesa de Rodrigues argumen­ta que ele teria mais de 60 anos de idade e, por isso, estaria no grupo de risco da pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19. Entretanto, o recurso foi negado pelo juiz Lúcio Al­berto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribei­rão Preto, onde tramitam as ações penais da Sevandija. O ex-sindicalista teria mentido sobre sua idade . Ele nasceu em 23 de dezembro de 1973 e tem 46 anos, não sendo considera­do idoso.

O magistrado também des­taca em sua decisão que Rodri­gues não provou ser portador de doença crônica pré-existente, fator que poderia, pelo menos em tese, aumentar a possibilida­de de o ex-sindicalista contrair a covid-19. O ex-presidente do Sindicato dos Servidores está preso na Penitenciária de Tre­membé, no Vale do Paraíba.

Em setembro de 2018, a Jus­tiça de Ribeirão Preto condenou Rodrigues, a ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) – 18 anos, nove meses e dez dias de reclu­são –, os advogados Maria Zuely Alves Librandi, Sandro Rovani e André Soares Hentz – 14 anos e oito meses de reclusão cada – e o ex-secretário municipal da Administração, Marco Antô­nio dos Santos – pena igual à da ex-prefeita -, por um suposto desvio de R$ 45 milhões na ação dos honorários. Eles são acusa­dos de associação criminosa e peculato. Afora o delator, todos negam a prática de crimes

O Gaeco e a Polícia Federal acusam o grupo de ter monta­do um esquema que teria des­viado cerca de R$ 245 milhões dos cofres do município, R$ 45 milhões no caso dos honorários advocatícios. Em sua delação, Rodrigues disse que além dos R$ 7 milhões supostamente pa­gos à ex-prefeita, Maria Zueli te­ria repassado R$ 11 milhões ao sindicato (por meio de Rovani, que dividiria o montante com o delator), mais R$ 11 milhões iriam para o advogado An­dré Hentz e R$ 2 milhões para Marco Antonio dos Santos. O ex-sindicalista admitiu ter rece­bido R$ 1,2 milhão, mas a força­-tarefa da Sevandija acredita que o valor da propina é maior.

Além de ter sido destituído do sindicato, Rodrigues foi exo­nerado do cargo que exercia na Secretaria Municipal da Saúde. A demissão foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de 19 de setembro de 2018. Ele era servidor público concursado, agente de admi­nistração da pasta, mas esta­va suspenso desde o início da Operação Sevandija – também ficou longe da secretaria quan­do presidia a entidade sindical. A Comissão Processante que investigou o delator considerou que ele teve “conduta escanda­losa e incontinência pública”. A demissão foi por justa causa.

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