Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Zé Uberaba, uma figura inesquecível
Lá no passado havia uma figura moradora do bairro dos Cam­pos Elíseos, na rua Tamandaré, que era o ídolo da meninada. Tocador de violão de qualidade, doador de sangue que a todos socorria, foi precursor das escolinhas de futebol iniciando seu trabalho junto à prefeitura na gestão do Coronel Condeixa, no Parque Infantil Peixe Abade. A meninada adorava aquele preto velho que era casado com dona Amália e não possuía filhos. Os garotos dos parques infantis, incluindo depois os do Bosque Municipal Fábio Barreto, gostavam de seu jeito caboclo, minei­ro, rosto redondo sempre risonho e fala mansa, mesmo quando corrigia estripolias.

Nome de rua
Desapareceu da história de Ribeirão Preto deixando uma es­teira de solidariedade como herança de sua passagem. Nunca observei uma rua, uma creche, uma escola ou mesmo outro logradouro com seu nome, que não me lembro, mas que eu gostava do “Zé Uberaba” da meninada. Tempos da infância nos Campos Elíseos.

Laudo Natel, caboclo e governador
O ex-governador Laudo Natel iniciou seus trabalhos em uma agência bancária em Ribeirão Preto, junto com o depois todo­-poderoso Amador Aguiar. Nunca negou sua origem cabocla do interior, simples e ligado às pessoas. Em Ribeirão Preto, quando vinha de automóvel, visitava Orestes Lopes de Camar­go e o colunista, na Rádio 79, que ficava na Duque de Caxias nº 795. Quando em seu governo no Estado de São Paulo, de passagem por nossa cidade, à noite, resolveu ver o repórter do Larga Brasa. Havia um porteiro para quem “ordens são or­dens”. Ele cumpria e pronto.

Governador barrado
O governador chegou, simples, bem caipira, e perguntou pelo jornalista. O porteiro, curto e grosso, respondeu: “Ele traba­lha aqui. Se o senhor pretende vê-lo, só amanhã às sete, no seu programa”. Laudo Natel pediu para telefonar para o jor­nalista, disse que estava de passagem e queria conversar com ele, mas o porteiro foi intransigente. Não abriu as portas para aquele que ele não sabia ser o representante do povo paulis­ta. No dia seguinte, cedo, Laudo Natel estava no programa e com graça e sensibilidade, aprovando a medida do porteiro, contou a história. Ele garantiu que precisava de funcionários com aquela determinação em seu governo ou nas empresas que administrava.

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