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Enfim sós, nas ‘garras’ do governo

“Que será, será, aquilo que for será.
O futuro não se vê, que será, que será
O que for será.”

(Música de Alcides Gerardi)

Será que o governo brasileiro imaginava um dia dar dinheiro aos pobres (R$ 600 reais aos trabalhadores informais)?

Será que algo desse tipo passou pelos seus planos?

Mas, como governante interessado em arrecadar, não deixou por menos: aproveitou o ocorrido para cadastrar os informais. Isto é, elaborar um amplo e minucioso arquivo, para saber quem são, onde ficam (moram, local do ponto comercial), o que fazem (tipo de comércio), qual o seu rendimento mensal, desde quando estão nesta atividade e outros dados pessoais. Cadastro é detalhado, o suficiente para outros fins governamentais, imediato ou futuro.

É tudo que o governo desejava para saber desse pessoal que exis­te na atividade empresária, porém sem formalidades registrais, ou seja, ninguém nunca soube como vivem essas pessoas (físicas), que se envolvem com a economia do país. Parte do dinheiro circulante no Brasil passa pelas mãos desses milhões de trabalhadores que não existem nos arquivos públicos. Agora ex-invisíveis. Estão identifica­dos. Já se sabe mais deles que eles próprios.

Pelo aplicativo que o governo disponibilizou obteve-se uma quantidade de informações muito maior que as necessárias para o simples pagamento dos R$ 600 reais. Uma verdadeira investigação de pesquisa econômica e social. Além do necessário para um peque­no valor ser pago provisoriamente. Coisas do governo!

Será que a investigação vai servir para oferecer casas populares e ex­tinguir as favelas no país? Será que chegará aos governadores e prefeitos?

Será que se destina à ampliação das redes de água, esgoto, gale­rias pluviais e a propiciar novos hábitos sanitários para a valorização da vida dos que moram em locais até ignorados pelo poder público?

Será que o governo pensou isso tudo? A demora para começar a pagar e a sua complexidade permitem suspeitar das “boas inten­ções” do governo, mesmo sabendo que a fome aumentava e o Brasil inteiro pedia para não demorar.

E mais: muitos ainda não receberam por causa de “detalhes”, como desencontro no CPF ou no endereço fornecido. Será que era tão importante para retardar a comida? Com certeza o governante atual não sabe o que é estar faminto, ter família, filhos chorando por falta do que comer.

Embora “o futuro não se vê, que será, que será” que o governo irá fazer com tantos dados dessas pessoas dos R$ 600 reais (ex-invisíveis desde semana passada)?

– Boa coisa não será!

Os novos visíveis para o governo taxar. Como tal, já estão nos cruzamentos governamentais (Ministérios da Economia, Planeja­mento, Casa Civil, Cidadania e Receita Federal). Vão compor os estudos da equipe econômica para fundamentar novas alíquotas dos tributos e da redução de descontos. Diminui o contingente de brasi­leiros beneficiados do tratamento menos voraz do “leão”.

Governo é especialista em tirar mais e dar menos, aos necessitados.

Não conhece o que é dizimar. Na Bíblia é ofertar, dar para o sustento (até do Templo). Mas tem outro significado, exatamente o que é adotado por ditadores tiranos, como o militar Muammar Al-Gaddafi, da Líbia:provocar a morte de seu povo. Como todos, excêntrico e polêmico. Terminou deposto e linchado pela oposição em praça pública.

–Não morou aqui, mas deve ter feito adeptos no mundo todo.

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