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Polícia mineira descarta hipótese de sabotagem na fábrica da Backer

© REUTERS/Washington Alves

Responsável pelo inquérito que a Polícia Civil instaurou para apurar as circunstâncias e os responsáveis pela intoxicação de 42 pessoas que ingeriram cervejas da Backer, o delegado Flávio Grossi, revelou que a hipótese da cervejaria mineira ter sido alvo de sabotagem foi rejeitada.

“A linha de [que houve] sabotagem foi descartada. Não evoluímos com esta linha. A negligência sim é uma das nossas linhas de investigação”, disse o delegado, hoje (8), dia em que as investigações policiais sobre o caso completam três meses.

Segundo Grossi, a possibilidade da Backer ter deliberadamente usado o dietilenoglicol no processo de produção de suas cervejas ainda não está descartado, embora haja indícios de que a empresa pode ter empregado a substância acreditando tratar-se de monoetilenoglicol. As duas substâncias são tóxicas e costumam ser usadas em sistemas de refrigeração devido a suas propriedades anticongelantes.

O delegado disse acreditar que a força-tarefa montada para esclarecer o caso está prestes a concluir o inquérito, mas evitou antecipar conclusões. “Estamos em um estado avançado sobre o caminho do dietilenoglicol e sobre como aconteceu [a contaminação]. O que eu posso falar é que existia dietilenoglicol dentro da cervejaria, o que está quimicamente comprovado”, acrescentou Grossi, alegando ainda não ser o momento de falar sobre como a substância tóxica contaminou dezenas de lotes de diferentes rótulos de cerveja produzidos pela Backer e que chegaram às mãos dos consumidores.

Mortes

Ao menos nove pessoas morreram por complicações que as autoridades públicas de Minas Gerais associam à síndrome nefroneural atribuída à intoxicação por dietilenoglicol. Destas, cinco foram submetidas a necropsias: em quatro casos, a perícia acusou a presença de dietilenoglicol; o resultado do quinto exame ainda não foi concluído.

De acordo com o delegado, os laudos das outras quatro vítimas não submetidas a necropsias “diretas” serão atestados de forma “indireta”, ou seja, por meio da análise de vários documentos médicos, incluindo a evolução do quadro clínico desde o surgimento dos sintomas que os levaram a procurar ajuda até o óbito.

Já as 33 vítimas sobreviventes que figuram no inquérito também vinham sendo submetidas a uma série de exames que, com a pandemia do novo coronavírus, foram interrompidos por questões sanitárias. “Passamos a realizá-los indiretamente, por apresentação de prontuários”, comentou Grossi, explicando que, também nestes casos, médicos-legistas vão analisar os documentos e produzir laudos “indiretos”.

Inquérito

Desde o início da investigação, a Polícia Civil já colheu os depoimentos de 66 pessoas, entre vítimas, testemunhas e ligadas à Backer. De acordo com o delegado, os responsáveis pela cervejaria vem colaborando com o trabalho policial, apesar de alguns desentendimentos iniciais.

“Houve, em alguns momentos, desentendimentos da nossa atuação por parte da empresa, mas todos foram sanados a tempo e a investigação pôde continuar a todo vapor. Entreveros são naturais. O importante é que isto não impediu que as perícias continuassem”, pontuou o delegado.

Edição: Aline Leal

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