O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira, 9 de abril, que o Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi-SP) para acompanhamento dos índices de distanciamento social e de isolamento durante a quarentena do novo coronavírus começou a operar nesta semana. Foi fechado um acordo com as operadoras de telefonia celular no País – Vivo, Claro, Oi e Tim – para “identificar os locais onde as pessoas estão e onde há concentração”.
O monitoramento será feito por meio do rastreamento e georreferenciamento dos aparelhos celulares. De acordo com a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, os dados que são fornecidos são “completamente anonimizados”. “Tivemos na quarta-feira (8) 49% de isolamento, muito abaixo do necessário de 70%”, disse Doria. “Temos que ter como objetivo chegar a 70% para poder limitar os efeitos da pandemia, ter menos pessoas infectadas, e menos pessoas sob risco de morte”, completou.
Se a situação é preocupante no estado, em Ribeirão Preto então é alarmante.
Na semana de pagamento de aposentados e pensionistas e dos trabalhadores da iniciativa privada, do auxílio emergencial de R$ 600 e das compras da Páscoa – chocolate, bacalhau, vinho etc. –, a taxa de isolamento social na cidade ficou abaixo da média estadual.
Os números são medidos a partir da geolocalização de telefones móveis. Na segunda-feira (6), enquanto o estado tinha taxa de 50,6%, Ribeirão Preto chegou a 43%, segundo o levantamento. O dia com pior taxa estadual foi a quarta-feira da semana passada, 1º de abril, quando o índice caiu para 47,2%. Na mesma data, Ribeirão Preto registrou 42%.
De acordo com o Coordenador do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, o médico infectologista David Uip, a adesão ideal para controlar a disseminação da covid-19 é de 70%. Desta forma, o número de leitos disponíveis no sistema de saúde será suficiente para atender a população. A central de inteligência analisa os dados de telefonia móvel para indicar tendências de deslocamento e apontar a eficácia das medidas de isolamento social.
Com isso, é possível apontar em quais regiões as taxas de adesão à quarentena são maiores e em quais as campanhas de conscientização precisam ser intensificadas, inclusive com apoio das prefeituras. O Simi-SP é viabilizado por meio de acordo com as operadoras de telefonia Vivo, Claro, Oi e TIM para que o Estado possa consultar informações agregadas sobre deslocamento nos 645 municípios paulistas.
Estudo
Um estudo divulgado nesta quinta-feira (9) alerta que a distância social de 1,5 metro, recomendada pelas autoridades de saúde, é insuficiente para impedir o contágio por covid-19 e que deve ser de pelo menos quatro metros.
Os valores sugeridos no estudo, feito por pesquisadores e engenheiros especializados em dinâmica de fluidos, das universidades de Leuven, na Bélgica, e Eindhoven, na Holanda, baseiam-se em simulações de como as partículas de saliva se soltam quando as pessoas estão paradas, caminhando, correrendo ou andando de bicicleta.
“Se alguém transpira, tosse ou espirra enquanto caminha, corre ou anda de bicicleta, a maioria das micropartículas permanece numa corrente de ar atrás dessa pessoa, o que faz com que outra que venha atrás se mova em meio a essa nuvem de micropartículas”, explica Bert Blocken, professor de engenharia civil nas duas universidades.
O estudo constatou que a distância recomendada de 1,5 metro é “muito eficaz” para aqueles que ficam em ambientes fechados ou ao ar livre com bom tempo, mas que é insuficiente para situações em que as pessoas caminham ou praticam esporte. Segundo os autores do estudo, o risco é maior quando uma pessoa está atrás da outra e é reduzido se estiver andando ou correndo lado a lado ou em formação diagonal.
Ainda assim, os especialistas aconselham que, diante dos cálculos realizados, seja mantida uma distância de quatro ou cinco metros ao andar atrás de outra pessoa, dez metros ao correr ou andar de bicicleta devagar e de pelo menos 20 metros ao andar rápido.