Tribuna Ribeirão
Esportes

Mudança de rotina, adaptação de treinos em casa e cuidados com a saúde mental

ARQUIVO PESSOAL

Murilo Bernardes

A pandemia do novo co­ronavírus causou uma parada repentina em praticamente todas as modalidades esporti­vas ao redor do mundo. Mas, não somente no âmbito pro­fissional. Os atletas amadores, os apaixonados por atividades físicas, também estão sofren­do com esta paralisação.
Academias, quadras de fu­tebol, parques públicos e tantos outros locais destinados à prá­tica esportiva estão fechados. Desta maneira, os esportistas amadores estão buscando al­ternativas para se manterem ativos sem quebrar as orienta­ções do isolamento social.

Sem sair de casa, Bazzo mantém a paixão pelo futebol em alta

Como alternativa, muitos estão recorrendo aos treina­mentos dentro de casa. Este é o caso do jornalista José Ba­zzo, 20 anos, apaixonado por esportes e que vem tentando manter sua rotina de treinos durante a pandemia.

“Eu sou um cara muito ativo, gosto de jogar futevô­lei, futebol, tênis, gosto de me exercitar, me faz bem. Neste momento de quarentena está sendo muito difícil, mas a gente tem que adaptar os trei­nos para dentro de casa. Estou usando cadeira, tapete, coisas de casa mesmo”, afirmou.
Há 22 dias em quarentena, Bazzo ressaltou que os trei­nos estão ajudando a manter sua saúde mental em dia.

“Acredito que essa fase de quarentena está sendo difícil para todo mundo. Estou há 22 dias em casa e o espor­te tem sido uma maneira de ocupar a cabeça. Estou ten­tando manter uma rotina de exercícios diários. É uma programação que a gente faz, uma busca por novos exercí­cios. Acaba sendo algo bom, temos que trabalhar um pou­co mais a mente”, disse.

Cuidar da saúde mental é fundamental neste momento. Segundo a psicóloga Isabella Wada, do Instituto de Neuro­ciências e Desenvolvimento (INED), manter os hábitos di­ários é de extrema importância durante o isolamento social.

“Durante esse período de isolamento, é fundamental que as pessoas tentem manter todas as atividades que elas já costumam fazer. Mesmo em casa, tentar criar uma rotina de todas as tarefas pode ser uma grande estratégia para evitar que a ansiedade au­mente. É uma forma de usar o tempo de uma maneira mais saudável e construtiva. É importante também man­ter o sono regularizado, hora de dormir, hora de acordar”, afirmou Wada.

“Toda essa situação que estamos passando, natural­mente, gera ansiedade. A fal­ta de informações concretas sobre a pandemia, tempo de duração, de normalização, pode agravar os casos de quem já tem transtorno de ansiedade, ataque de pânico e pessoas que não tem nenhum transtorno diagnosticado, com essa parada drástica na rotina, parando de sair, de fa­zer suas atividades normais, pode ter um estranhamento e atrapalhar no sono, alimen­tação e alguns outros fatores”, concluiu a psicóloga.

Dicas importantes
O fisioterapeuta Pericles Machado, da Physio Athle­tic, especialista em prepara­ção e recuperação esportiva, ressaltou que neste momen­to, praticar atividades físi­cas pode auxiliar na questão emocional.

“Em um momento como esse, de reclusão social, a atividade física continuada transcende a indicação ape­nas do aspecto físico, tem um componente emocional muito grande por causa da reclusão. Algumas pessoas têm tendência até a depres­são. Praticar alguma ativida­de física, mesmo adaptada, te permite manter o corpo e a mente ativa, para superar esse momento da maneira mais saudável”, ressaltou Pericles.

Por ser uma patologia pulmonar, Pericles deu dicas de atividades que podem ser feitas para melhorar a quali­dade respiratória.

“Considerando que o co­ronavírus atinge principal­mente o pulmão, manter a ventilação pulmonar bem trabalhada te faz aumentar sua capacidade [ventilatória] e prevenir a instalação de qualquer tipo de patologia pulmonar, como pneumonia e bronquite. Por isso uma bi­cicleta ergométrica, caminha­da no quarteirão sem contato com outras pessoas ou até mesmo natação, para quem tem piscina em casa, são óti­mas opções”, indicou.

“Manter a atividade física regular te ajuda a prevenir ou ter um controle melhor so­bre tudo isso. É fundamental nesse momento. Você pode não ter acesso ao ambiente que você costuma praticar atividades, como academias e quadras esportivas, mas precisamos nos adaptar. Principalmente aqueles que já possuem alguma patolo­gia ou estão em uma idade mais avançada, porque natu­ralmente estão mais propen­sos”, finalizou.

Pericles também deu di­cas paras os trabalhos lo­calizados, que podem ser executados com exercícios funcionais.

“Para o trabalho locali­zado a dica são os exercí­cios funcionais, que usam o peso do próprio corpo em movimentos específi­cos. Isso atende a necessi­dade de muitos adultos e dos idosos. Para os mais jovens, a dica é realizar exercícios funcionais mais intensos e/ou associá-los com uma carga maior, fa­zendo uso de um halter ou até mesmo saco de arroz, por exemplo”, afirmou.

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