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Entre a ilusão e a enganação na condução do Estado

A ilusão consiste em uma interpretação equivocada de algo verdadeiro, é um recurso vastamente utilizada em shows de mágicos (ilusionistas). Por outro lado, a enganação é ato ou efeito de enganar, de ludibriar, como nos casos de estelio­nato. Entre as duas há uma linha tênue.

Na primeira, normalmente o emissor da mensagem utiliza de recursos para desviar a atenção daquilo que importa e, com isso, fazer com que todos que assistem ao seu “espetácu­lo” só tenham olhos para aquilo que a atenção é direcionada. Tal conduta, apesar de não recomendável, como ensina o dito popular, “faz parte do jogo”.

Já na enganação, o emissor desrespeita todo e qualquer padrão moral e, de maneira proposital, insere informações notadamente falsas para que, a partir de tais premissas, os demais cheguem à uma conclusão diversa da realidade.

Habermas, em sua Teoria da Ação Comunicativa apresen­ta que as expressões devem ter suas pretensões de validade sujeitas à crítica.Assim, as falas, notadamente as de interesse público, podem e devem ser analisadas sob a ótica da veraci­dade da informação, da correção normativa, da autenticidade e da sinceridade.

Entretanto, além do desaparecimento da linha acima mencionada, a conduta esperada por significativa parte dos gestores, caminha para a segunda no Brasil de hoje. E o fato é agravado pela legião de PHD’s em todos os assuntos existente nas redes sociais. Afinal, como diria Umberto Eco, “a internet deu voz aos imbecis”, pois permitiu a formação de milhões de “especialistas” sem nenhum conhecimento técnico ou míni­mo de pesquisa sobre o assunto.

E o pior de tudo isso é que a conduta se replica em todos os meios e espaços sociais, inclusive nas falas e discursos da classe política. Os homens públicos não se importam, em sua grande maioria, com o dever de fornecer a informação cor­reta aos seus representados, mas somente em como criar um ambiente dissonante da realidade para colher frutos políticos e egoístas.O vale tudo da política foi elevado a níveis impen­sáveis.

Ocorre, que a crise atual está novamente pondo à prova a conduta dos gestores públicos, pois a mortalidade e o risco de colapso sanitário não permitem que ilusões ou enganações se perpetuem em prol da “mão invisível” do mercado, ou do interesse egoísta de um pequeno grupo.

A sociedade, a advocacia, a imprensa, dentre diversos outros atores, foram clamadas a deixar a inércia e participar do ambiente público das decisões do Estado e da conduta dos gestores. Portanto, espero que assim que terminada a cala­midade hoje vivenciada, tenhamos aprendido a lição deixada pelo vírus de que viver e dividir se sobrepõe ao ter, e de que o compromisso ético e moral com o certo vai muito além do próprio umbigo.

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