São seis horas da tarde. Marcos Vinicius Jacinto Franco não quer perder um minuto. Calça o tênis, veste a bermuda e sai para sua corrida diária. Corrida, literalmente. Em média, são dez quilômetros por dia, algo impensável para o agente de segurança penitenciária (ASP) de 30 anos que até pouco tempo não trocava o elevador por dois lances de escada. Agora, inclusive, já sonha até em correr uma maratona. “Minha vida mudou quando, há um ano e meio, fui diagnosticado com colesterol elevado e pré-diabetes”, conta.
Na época, ele não realizava nenhum exercício físico. “Futebol, às vezes, mas nada habitual”, conta o servidor, que atua no setor de finanças da sede administrativa da Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Noroeste (CRN), em Pirajuí-SP.
A corrida fazia parte dos treinamentos com personal trainer. Marcos também foi incentivado por um amigo do trabalho, que pratica atividades físicas frequentemente.
“No início, foi sem pretensão alguma. Porém, o prazer foi aumentando a cada desafio, seja por uma distância maior percorrida, tempo da volta que diminui e também pela saúde mental”, aponta.
Paixão pela corrida
A rotina do ASP mudou tanto que ele iniciou nas competições. “A primeira prova que disputei foi um revezamento em trio de 30 quilômetros, sendo dez cada atleta. Foi quando despertou em mim a paixão pela corrida de rua”, lembra.
Marcos conta que, enquanto se concentrava em completar o trajeto, um filme passava em sua cabeça. “Dos 30 quilos que perdi fazendo algo que nunca havia imaginado. Foram 10 quilômetros que pareciam muito mais. Porém, ao cruzar a linha de chegada, a satisfação e emoção são muito maiores que o desgaste físico”, celebra.
Após a primeira corrida, o servidor começou a desafiar os próprios limites. Os treinos também se intensificaram. “Passei a realizar atividades seis vezes por semana. Disciplina é um dos princípios fundamentais para ter bons resultados”, frisa.
Conquistas
Em um ano, Marcos disputou 14 provas, de diversas distâncias: 5, 7, 10, 16 e 18 quilômetros. Conquistou o terceiro lugar (categoria 30 a 34 anos) em duas competições: Corrida do Templo, fechando 16 quilômetros, embaixo de chuva, em 1 hora 11 minutos e 13 segundos; e o Circuito Inter-Regional, que contou com quatro etapas de 5 quilômetros cada.
A busca por novos desafios rendeu ao agente várias conquistas pessoais. Seu recorde, até o momento, ocorreu na segunda edição da corrida ABDA Urban Run, realizada em fevereiro deste ano, em Bauru.
A prova reuniu mais de 2 mil participantes. Marcos correu dez quilômetros e ficou em 6º lugar na sua categoria, ao cruzar a linha de chegada em 43 minutos e 29 segundos.
Ele atribui sua evolução aos treinos. “Tem que cumprir a planilha de treinamento com foco e disciplina, respeitar cada exercício orientado, como fartlek (quando o corredor define as distâncias e o ritmo da corrida), progressão, longo”, exemplifica.
‘Corra com o coração’
A realização pessoal proporcionada pela corrida despertou em Marcos um desejo repleto de desafios e dificuldades: completar uma maratona (prova de 42.195 quilômetros). Seus planos são audaciosos, mas o agente acredita que corre no caminho certo.
“Para sustentar esse projeto, penso no que eu diria para quem está começando nesse esporte. ‘Liberte-se da preguiça e aproveite a estrada porque correr é se conectar consigo mesmo. O começo é mais difícil, mas depois se torna um prazer indispensável. Na hora em que as pernas não aguentarem mais, corra com o coração’”, finaliza.