Mais da metade dos brasileiros (51%) julga que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mais tem atrapalhado do que ajudado durante a crise do coronavírus. É o que revela a pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira, 3 de abril, que entrevistou 1.511 pessoas, por telefone, entre quarta-feira (1º) e abril e ontem. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais. Também avaliou a gestão dos governadores brasileiros.
Os que aprovam as gestões dos chefes dos Executivos estaduais são 58% ante 55% na pesquisa anterior, feita entre 18 e 20 de março. Os que reprovam as gestões dos governadores são os mesmos 16% da pesquisa anterior e os que avaliam o trabalho de seus governadores como regular são 23% agora ante 28% na última rodada. As gestões estaduais mais bem avaliadas são as do Nordeste (64% de aprovação), do Norte e do Centro-Oeste (61% de aprovação nas duas regiões).
De acordo com o Datafolha, 57% dos entrevistados consideram que a campanha do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) para que as pessoas fiquem em casa é correta, enquanto 32% entendem as orientações do governador como erradas. Onze por cento não sabem. A campanha do tucano é mais aprovada entre os moradores do Nordeste (65%), entre jovens dos 16 aos 24 anos de idade (66%) e entre os mais ricos e instruídos (64%). As gestões municipais foram avaliadas como ótimas ou boas por 50%, enquanto 25% consideraram regulares e 22% ruins ou péssimas.
A pesquisa mostra que a aprovação dos brasileiros ao Ministério da Saúde, liderado por Luiz Henrique Mandetta, subiu 21 pontos percentuais, de 55% na pesquisa anterior, feita entre 18 e 20 março, para 76%, cujas entrevistas aconteceram por telefone entre 1º e 3 de abril. Também cresceu a reprovação à maneira como o presidente Jair Bolsonaro tem agido na crise causada pelo coronavírus. Na pesquisa anterior, 33% reprovavam o trabalho do presidente na crise, parcela que agora é de 39% dos entrevistados, variação no limite da margem de erro.
A aprovação de Bolsonaro variou de 35% para 33%, e a avaliação de que o presidente é “regular” foi de 26% para 25%, ambas dentro da margem de erro, indicando estabilidade. O presidente e o ministro têm se antagonizado em relação às medidas de isolamento social aplicadas por governadores e prefeitos. Na quinta-feira, dia 2, em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro disse que “falta humildade” ao ministro da Saúde.
Pesquisa XP
A edição extra da “Pesquisa XP com a População”, realizada pela instituição em parceria com o instituto Ipespe, mostra que a reprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro atingiu 42% em abril, depois de alcançar 36% em março. É o maior nível de avaliações ruins ou péssimas desde o início do mandato, mas ainda estável no limite da margem de erro da pesquisa, de 3,2 pontos percentuais.
A proporção da população que avalia o governo como “ótimo ou bom” caiu de 30% para 28% no período, também estável dentro da margem. Nominalmente, é a primeira vez que a taxa fica abaixo do nível dos 30%. A pesquisa incluiu um questionário especial sobre a pandemia do coronavírus no País. A atuação de Bolsonaro no combate ao vírus foi considerada “ruim ou péssima” por 44% da população, enquanto 29% enxergaram o desempenho do presidente como “ótimo ou bom” e 21%, como “regular”.
Ele tem a avaliação mais negativa entre todos os atores pesquisados. A aprovação da atuação do presidente está empatada na margem de erro com a do Congresso (30%), da população (34%), e do Supremo Tribunal Federal (29%), mas bem abaixo da do ministro da Saúde, Henrique Mandetta (68%), dos governadores (59%), do ministro da Economia, Paulo Guedes (37%) e dos profissionais da saúde (87%).
A pesquisa também captou deterioração nas expectativas para o restante do mandato de Bolsonaro. A proporção da população que espera que o governo dele seja “ruim ou péssimo” avançou de 33% para 37%, enquanto a avaliação “ótima ou boa” recuou de 38% para 34%. Foram entrevistadas mil pessoas, por telefone, entre os dias 30 de março e primeiro de abril. A amostragem leva em conta sexo, região, idade, tipo de cidade, religião, porte do município, ocupação, nível educacional e renda.