Infelizmente, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19) que assola o mundo, as pessoas estão precisando permanecer em casa, por questão de segurança e para evitar a proliferação da doença. Com isso, milhões de profissionais por todo o planeta seguirão com sua rotina de trabalho, porém, em casa.
Trabalhar home office não é fácil, como muitos pensam, e nem sempre é um mar de rosas. A disciplina é a principal ferramenta dos trabalhadores e empreendedores home based. Acordar cedo, se arrumar para trabalhar, ter horário para cumprir com as obrigações profissionais e horário de almoço são elementos fundamentais para esta modalidade de negócios.
Uma pesquisa do site de busca de empregos americanos FlexJobs mostrou que cerca de 30% dos profissionais norte-americanos trabalham, na maior parte das vezes, de forma remota. Este número aumenta para 43% se for contabilizado aqueles que fazem este processo uma ou das vezes por semana.
Os Estados Unidos servem como referência, não somente por sua economia, mas também pelas diversas formas de trabalho que surgem como alternativa para lucro, flexibilidade de horários e melhor qualidade de vida.
E foi inspirado nesse modelo que a Assistência Remota chegou ao Brasil, em 2015, pelas mãos de Camile Just, CEO da startup que forma e conecta assistentes virtuais com empreendedores para facilitar diversas tarefas que tomam tempo e precisam de conhecimento específico.
Camile, na época, era gerente de uma loja de shopping e buscava uma nova forma de trabalho que permitisse mais liberdade com o tempo e que gerasse uma renda positiva. Em sua pesquisa encontrou a profissão e fez dela seu viés empreendedor. Ela criou a empresa de prestação de serviços remotos e, quatro anos depois, abriu seu negócio para ensinar, por meio de um curso online, mulheres que buscavam trabalho, mas que ainda precisavam de mais conhecimento e experiência.
Hoje, 100% das assistentes remotas que se formaram com a CEO e que estão conectadas com sua empresa na busca de novos clientes, trabalham a partir de casa. E, em tempo de crise com o coronavírus, esta possibilidade ganha ainda mais força. “Todos nós nos preocupamos com esta pandemia, mas também temos nossas contas para pagar. A vida segue e temos que fazer algo. A impossibilidade das pessoas saírem de casa faz muitas delas se preocuparem com seu futuro profissional”, afirma a empresária.
A profissional também desenvolveu uma cartilha para quem quer, ou vai obrigatoriamente, trabalhar em casa. Nela estão dicas como a importância do profissional ter um espaço reservado, que mantenha o diálogo com as pessoas ao redor, além de estar atento a outras distrações menores, mas que atrapalham na manutenção do foco.
Outra questão que a empreendedora cita é sobre reuniões online, muito utilizadas por quem trabalha em casa. “Antes de entrar em reunião, confira se o áudio e microfone estão funcionando e se houver ruídos no local, use fone de ouvido. Uma sugestão caso tenha crianças, é criar uma plaquinha com símbolos que mostre que, naquele momento, você não pode interagir. E, principalmente, tenha clareza dos combinados com os superiores e com os colegas de trabalho”, recomenda Camile.
Já para as empresas e para os líderes, é aconselhável o uso de aplicativos voltados para produtividade e acompanhamento. É preciso que as empresas utilizem ferramentas adequadas para a comunicação de trabalho com a equipe, e o WhatsApp não é uma delas, porque nele as informações se perdem e os assuntos se misturam. O app Slack é uma ótima opção.
Vendas por telefone e internet
Os decretos estadual e municipal, que determinam o fechamento do comércio lojista de rua, shoppings centers e centros comerciais – salvo algumas exceções – permitem que as lojas façam vendas por telefone ou pela internet, desde que as mercadorias sejam entregues no endereço indicado pelos consumidores. Ou seja, o bom e velho sistema delivery.
Nesse cenário, o lojista pode, por exemplo, anunciar seus produtos e serviços no site, redes sociais ou pelo WhatsApp, usar um e-mail ou telefone de contato para receber as encomendas e entregá-las no endereço indicado.
Segundo Fernando Mansano, especialista em comércio eletrônico e presidente do ComEcomm – Comitê de Líderes de E-commerce, também é possível vender pelo Marketplace. “Trata-se de uma plataforma digital, igual a um shopping center. Várias marcas num mesmo local, só que cada uma com seu espaço de vendas online. Alguns exemplos são Mercado Livre, OLX, Submarino, Amazon, entre outros”, explica.
Ainda de acordo com Mansano, ter uma loja virtual própria é outra boa opção. “Nesse caso, é importante focar num universo de produtos pequeno, aqueles de maior giro. É a velha técnica do 80/20, ou seja, focar nos 20% (ou menos) dos produtos que representam 80% das vendas”.
Para a especialista em marketing digital, Karen Fabiane, diretora do Grupo Núcleo360º – Comunicação e Marketing, dependendo da complexidade do mix de produtos é possível montar um site ou uma loja virtual em poucos dias e começar a vender. “São plataformas enxutas e profissionais, com design e navegabilidade fácil, que permitem destacar marcas, produtos e serviços de uma forma atraente para o consumidor”, afirma.
Ainda segundo Karen, é importante que sejam ferramentas acessíveis para micros e pequenos lojistas. “Ainda mais nesse momento tão difícil que chegou de repente e prejudicou as vendas nas lojas físicas”, conclui.
Nos quinze primeiros dias de março, já com a epidemia de coronavírus (covid-19) ocupando os noticiários mundo afora, o e-commerce cresceu 40% em volume de pedidos e, desde o último final de semana, algumas lojas virtuais tiveram alta de 180% nas vendas em algumas categorias como alimentos e saúde. Já as demais categorias não essenciais, nesse mesmo período, tiveram 30% de crescimento.
“Na região de Ribeirão Preto uma rede de supermercados divulgou essa semana que tinha uma média de 150 pedidos/dia na loja virtual e o volume saltou para 2 mil pedidos/dia, o que fez aumentar o prazo de entrega”, analisa Fernando Mansano, do ComEcomm.
Dicas para ter sucesso em casa
– Procure um espaço silencioso e confortável
Como o trabalho terá de ser feito de casa, o importante é encontrar um lugar que possa acomodar bem o computador e que não seja central na casa, caso o profissional tenha pais ou filhos ou outras pessoas que habitem a mesma residência e possam distraí-lo. O conselho é especialmente importante, no caso de filhos que também estão em casa em razão do isolamento – o essencial é sinalizar para os pequenos que, embora perto, está trabalhando e oferecer atividades que possam entretê-los.
– Não trabalhe de pijamas
Pode parecer tentador ficar com a mesma roupa confortável de dormir, mas o melhor é vestir-se como se fosse sair ou, pelo menos, trocar de roupa para que o cérebro entenda que está executando outra função e não relaxando em casa.
– Nunca trabalhe deitado na cama
Desta forma o indivíduo não trabalha e nem dorme direito, uma vez que o cérebro precisa distinguir o local de relaxar e o local de produzir. Segundo a Fundação Nacional do Sono, nos EUA, a luz da tela de eletrônicos tende a suprimir o hormônio do sono, a melatonina, e o hábito de trabalhar na cama pode desencadear ou piorar um quadro de insônia.
– Distancie-se temporariamente das más notícias
Em casa, todos têm acesso à televisão, mas o melhor é que ela não esteja ligada o dia todo, principalmente em noticiários, que não só irão distrair, mas dada a gravidade da situação podem gerar ansiedade e pânico. O conselho não é ficar alienado, mas definir horários para se informar, seja pela TV ou internet, para que o nervosismo não domine e desconcentre.
– Tenha uma rotina
É importante não se sentir de férias só porque não está no escritório, mas ao mesmo tempo não extrapolar horários só porque tem tudo à mão para continuar trabalhando por horas. Equilíbrio é a palavra chave.