Nesta sexta-feira, 27 de março, a JV Naves Administração e Participação Societária Ltda., que comprou a unidade de 250 mil metros quadrados da fábrica da Indústria de Alimentos Nilza S/A, em Ribeirão Preto – inclui dois imóveis –, instalada no quilômetro 312 da Rodovia Anhanguera (SP- 330), tomou posse da unidade. Lucinda Mateus, advogada do Grupo Rodonaves, recebeu os documentos das mãos de Alexandre Borges Leite, administrador judicial da massa falida da empresa.
A JV Naves pagou R$ 23,5 milhões pela planta em Ribeirão Preto. A venda foi homologada no dia 16 pelo juiz Héber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível. A Nilza ainda tem uma unidade industrial em Itamonte, Minas Gerais, onde estão os equipamentos. O imóvel foi a leilão várias vezes, mas os valores ofertados eram bem inferiores ao da avaliação. No final do ano passado, chegaram a oferecer R$ 16 milhões
O administrador oficial da massa falida, o advogado Alexandre Borges Leite, entrou com um recurso na 4ª Vara Cível após receber a oferta de R$ 23,5 milhões. Em dezembro, o juiz abriu novamente o prazo de 30 dias para qualquer interessado que tivesse apresentado algum valor em leilão pudesse cobrir a proposta, o que não ocorreu e a transação foi homologada.
O dinheiro será usado para pagar as dívidas trabalhistas. O montante arrecadado representa 42,7% da avaliação total dos imóveis com os equipamentos, mas a Justiça de Ribeirão Preto autorizou a venda mesmo não sendo alcançado o valor de 50% previsto em lei nesses casos.
O imóvel tem um custo mensal de R$ 45 mil para manutenção e segurança. Segundo o administrador da massa falida, 50% dos credores trabalhistas já foram pagos e os outros 300 estão em uma lista que receberão 50%. A Nilza ainda vai ficar devendo a cerca de 150 credores trabalhistas. A dívida está em R$ 700 milhões, e a previsão com todas as vendas é arrecadar R$ 70 milhões.
Com a organização de sete cooperativas, a Indústria de Alimentos Nilza foi criada em 2004. Em 2006, foi comprada por Adhemar de Barros Neto, que organizou um plano de expansão, com a compra, em 2008, de unidades de Itamonte e Campo Belo, passando a processar 1,5 milhão de litros de leite por dia em suas três unidades – chegou a ser a maior fabricante de lei longa-vida do país.
A empresa chegou a ter mil profissionais. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial e, em janeiro de 2011, a 4ª Vara Cível de Ribeirão decretou a falência da Nilza após constatar fraudes no processo e na negociação de venda da companhia.
Cinco meses depois, a decisão de falência foi revogada e 40 funcionários foram recontratados. Foram feitos testes no laticínio, mas a produção comercial não chegou a acontecer. No mês de outubro de 2012, a segunda -e definitiva- falência, foi decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).