A religião e a política sempre estiveram amalgamadas nos governos brasileiros desde a invasão dos portugueses. O Iluminismo achou que tinha conseguido libertar o ser humano dos dogmas e grilhões da Igreja, ledo engano. Nas terras tupiniquins nem a força do Marquês de Pombal conseguiu libertar a educação básica das garras dos jesuítas, e até nos dias de hoje sentimos os seus efeitos danosos.
A Igreja Católica sempre esteve presente nas decisões e conchavos dos governos, sempre em prejuízo da população mais pobre, sem nunca participar diretamente dos governos. Mas a chegada das igrejas pentecostais ao Brasil mudou essa visão de atuação política só nos bastidores, e a partir de 1986 começaram a participar diretamente dos cargos eletivos, com o argumento de que para melhorar a política, era preciso se colocar “homens de Deus” na maioria dos cargos eletivos; conseguiram! E os resultados que vemos nos dias de hoje mostram o aprofundamento da desigualdade social no País, pois os mesmos modi operandi da velha política foram incorporados pelos chamados “homens ungidos”.
O ser humano só vai conseguir ser evoluído, quando entender a importância da empatia e da solidariedade, mas no Brasil a maioria caminha no sentido contrário. Os humanistas achavam que o século 21 seria o século da luz, do entendimento e da confraternização entre as pessoas. No entanto, a chegada dos “homens de Deus” na política desenterrou e aprofundou o velho e ultrapassado fundamentalismo religioso, que tem como bandeira a disseminação do ódio e do preconceito, e como estes sentimentos estavam adormecidos no âmago das pessoas, deu-se a união.
O antidoto, que evitaria o sucesso desta união perniciosa é a educação básica pública, mas estamos longe de uma educação que forme para a cidadania, no entanto produz um enorme contingente de analfabetos funcionais, que não entendem os textos que leem, e não sabem interpretar a vida, são indivíduos que seguem cegamente seus líderes espirituais, e sofrem da síndrome da superioridade ilusória, que esconde a sua incapacidade cognitiva de perceber o próprio erro, não sabem, mas acreditam saber.
E o resultado dessa ignorância foi à eleição em 2018, de uma pessoa totalmente despreparada, mau caráter e com tendência criminosa. A pandemia do coronavírus escancarou de vez o modus operandi deste desgoverno. Até a velha máxima do futebol, que afirma o que se combina sentada não vale em pé, perde para tanto ato criminoso cometido pelo presidente do Brasil. Ele, junto com o seu gabinete de ódio, produz obtusidades o tempo todo – haja vista o seu discurso do dia 24/03/2020.
O ataque dessa figura tacanha e inescrupulosa contra as pessoas mais velhas é um acinte contra a vida humana. Já houve tempos na história da humanidade que, por tradição, algumas tribos sacrificavam os recém-nascidos com alguma deficiência e as pessoas mais velhas, que não conseguiam produzir, mas isso ficou no passado, no entanto a adoração ao “deus mercado” permite que o presidente e seus asseclas proponham sacrificar os mais velhos para salvar o seu deus, e falam isso na maior tranquilidade –acham que estão na Idade Média.
O inconsequente faz acordo com o G20 de manhã, concordado em seguir as orientações da OMS, e à noite manda fazer uma peça publicitária sem licitação, incentivando a ruptura do confinamento social. Tudo neste governo é ambíguo: as medidas tardias para socorrer as empresas e os trabalhadores deixam diversas categorias de fora. Mas ele faz isso de caso pensado, pois ao mesmo tempo em que anuncia estas medidas, trabalha nos bastidores incentivando carreata de empresários e propondo a prefeitos e governadores que suspendam a quarentena – prega vida normal. Quando amalgamamos política e religião, o resultado é danoso.
O governo italiano ancorado na mesma visão econômica, fez o seu país recordista em mortes pelo coronavírus, em cinco dias morreram quase 4.000 pessoas. Se deixarmos este débil mental continuar fazendo estas asneiras seguiremos o mesmo caminho.