A equipe multiprofissional do projeto de Redução de Danos do Programa DST/Aids/ Tuberculose/Hepatites Virais, ligado à Secretaria Municipal da Saúde, reorganizou e priorizou a atividade de orientação das populações em situação de rua (PSR) com vistas à higiene das mãos, distanciamento social, etiqueta respiratória e sintomas de infecção pelo novo coronavírus (covid-19).
Os profissionais se articularam e conseguiram doações de forma a montar kits de higiene e um folder com orientações direcionadas a essa população tão desfavorecida. “Desde o início desta semana, a equipe tem conversado com esse público da área central da cidade, prestando orientações e distribuindo os kits. A atividade foi muito bem aceita e eles têm questionado muito sobre a pandemia. Em dois dias foram distribuídos cerca de 90 kits de higiene”, ressalta coordenadora do programa, Lis Neves.
A equipe multiprofissional do projeto de Redução de Danos do Programa DST/Aids/ Tuberculose/Hepatites Virais foi cadastrada em 2016 como Consultório na Rua Modalidade II (psicólogo, assistente social e agentes de ação social). Uma das linhas de atuação é o trabalho de prevenção junto à população em situação de rua. As ações são desenvolvidas semanalmente em sete praças da área central da cidade e em outros locais (barrancas de rios, comunidades, cenas de uso de álcool e outras drogas e no Centro POP).
Distribui, também, insumos (preservativos, gel, protetor labial, folder), sensibiliza sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), promove acesso aos serviços de saúde, orienta sobre cidadania e estimula a inserção do usuário na rede de assistência social. Outras linhas de ação da equipe são relacionadas às gestantes usuárias de drogas e a prevenção das ISTs com profissionais do sexo.
Recente levantamento divulgado pela prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social e em parceria com o Instituto Limite, aponta que 11.618 atendimentos a pessoas em situação de rua foram realizados no período de junho de 2017 a dezembro de 2019 – dois anos e meio ou 30 meses.
Os números representam um total de 7.179 usuários cadastrados no Serviço de Abordagem Social (Seas) e 4.439 reabordagens de acompanhamento realizadas. O convênio foi assinado em 2017 com objetivo de realizar uma ação de cooperação mútua totalmente voltada ao trabalho social com pessoas em situação de rua.
De acordo com o relatório “Diagnóstico sobre o atendimento à população de rua”, realizado pela entidade, 2.441 abordagens e reabordagens foram realizadas em 2017, 4.488 em 2018 e 4.689 em 2019. Por mês, a média é de 206 abordagens ou reabordagens. A estimativa, segundo o documento, é de que existam na cidade cerca de mil pessoas em situação de rua de origem local – 982, ou 13,6% dos 7.179 cadastrados. Dentre os 982 ribeirão-pretanos, 846 são homens (86,15%) e 136 são mulheres (13,85%).
No total, são 6.425 homens (89,6%) e 754 mulheres (10,4%). O diagnóstico aponta, também, que a maioria das pessoas em situação de rua em Ribeirão Preto, além de ser homem, tem de 30 e 59 anos, e as motivações mais comuns apontadas para esta condição são conflito familiar, dependência química, saúde mental e problemas financeiros. Ainda segundo o diagnóstico, estima-se que Ribeirão Preto possua cerca de duas mil crianças e adolescentes em trabalho infantojuvenil, como comércio em semáforos e outras práticas.