Há quem ouça falar de viola hoje em dia e logo associe com sertanejo raiz, antigo. Mas esse conceito já pode ser atualizado com Gaby Violeira. A cantora de Ribeirão Preto está unindo a tradição da viola a um repertório moderno.
Quem vê Gaby hoje, com o estilo mais country usando calça jeans, bota, fivela e chapéu, mandando ver no sertanejo com a boa e velha viola, talvez não imagine que ela já usou muita roupa preta, spikes, rebite, carregava no lápis preto no olho, andava de skate e ouvia Avril Lavigne, Charlie Brown, Capital Inicial e CPM22.
Mesmo tendo crescido ouvindo sertanejo, em sua época mais “rebelde”, como ela mesma define, Gabriela Pereira adotava um estilo mais roqueiro para se enturmar na escola, onde, inclusive, já cantava.
O gosto e o talento para a música já foi percebido pelos pais aos 4 anos de idade. Aos 10 anos, Gaby entrou no conservatório para fazer musicalização infantil. Com 12 anos, Gaby já tocava guitarra e fazia pequenos shows em Ribeirão Preto, tocando de tudo: rock, pop e, claro, sertanejo. Mesmo com aquele estilo rockeiro, ela já fazia ‘Menino da Porteira’ na guitarra mesmo.
Foi aos 14 anos que Gaby foi pela primeira vez a um encontro de violeiros. “Eu não queria ir, fui porque minha mãe insistiu e até então eu nunca tinha tocado viola”, conta. Logo de cara perguntou como era a afinação da viola e já começou a arriscar algumas notas. “Foi amor ao primeiro acorde”, brinca Gaby. E foi mesmo, já que na mesma semana, ela literalmente trocou a guitarra que tinha ganhado do avô por uma viola. “Fui na loja e perguntei se dava para trocar, o vendedor disse que a viola era mais barata e ele não tinha como me devolver a diferença, falei que não tinha problema e saí de lá com minha viola”.
A partir daí, Gaby mergulhou de vez no mundo do sertanejo. Mudou de estilo, apostando nas botas e no chapéu, e fez aulas para aprender as peculiaridades da viola.
Em todos estes anos de carreira, Gaby já passou por duas formações de duplas, uma com outra mulher e uma com um homem, até que há sete anos decidiu seguir carreira solo. Até então, Gabriela era conhecida apenas como Gaby e precisava de um nome artístico. Decidiu então adicionar o “Violeira”, como já era chamada por alguns amigos.
Inspirada principalmente por duplas como “Bruno e Barreto” e “Fiduma e Jeca”, Gaby percebeu que faltava uma mulher nessa linha mais bruta do sertanejo. Ela apostou na viola com uma nova abordagem, trazendo músicas em uma roupagem mais jovem e moderna.
“Quando a gente fala em viola as pessoas logo pensam em música sertaneja raiz e não necessariamente precisa ser assim”.
Em seu primeiro DVD “Gaby Violeira – Mais que um estilo, uma paixão”, a cantora traz 12 músicas, entre autorais e de parceiros de composição, todas com temas atuais, como “Agronopinga”, “Coração de Mocinha” e “Coração Dedo Duro”. E a mistura da tradição da viola com as letras e arranjos mais modernos agradou o público. A música “8×8”, com a participação do DJ Kevin e Bruno e Barreto, já alcança quase 7 milhões de visualizações no canal de Gaby no Youtube, que já conta com mais de 50 mil inscritos.
Jogo rápido com Gaby
O Tribuna bateu um papo com Gaby Violeira. Confira trechos dessa conversa.
Relação com Ribeirão Preto – Eu amo Ribeirão Preto, nasci e fui criada no bairro de Campos Elíseos, na casa dos meus avós. Várias gerações da minha família moraram e ainda moram lá. A maioria dos vizinhos lá me conhece desde criança, eu vivia brincando na rua, soltava pipa, jogava futebol, andava de bicicleta, já caí até de telhado, sempre fui muito moleca. Hoje eu moro na Lagoinha, mas meus pais moram lá até hoje e eu vivo por lá, indo visitar a família. Estudei no Veiga de Miranda e no Dom Alberto, tive uma infância muito divertida.
Amigos – Eu tenho muitos amigos em Ribeirão e a gente sai bastante por aqui, gostamos de ir nos barzinhos, conversar, tomar uma (risos). Eu também adoro fazer uma resenha em casa, juntar os amigos para conversar, tomar uma cerveja e, claro, tocar viola.
Paixão pela música – Eu cresci ouvindo música sertaneja na casa dos meus avós, todo final de semana tinha alguma festa. É engraçado porque não tem outros músicos na minha família, meu avô incentivou os filhos, mas ninguém quis, então ele começou a incentivar os netos e eu fui a única que se interessou realmente. Mas como sou a única, sempre que tem algum churrasco de família sou eu que tenho que cantar também, todo mundo já olha pra mim (risos).
Outros ramos – Recentemente, em parceria com o Cesar Menotti e Fabiano, eu trouxe uma franquia do Coronel’S Grill para Ribeirão e tem sido muito bacana poder trabalhar também esse meu lado empreendedora. Eu vi em Goiânia, gostei do conceito de bar sertanejo e quis trazer para cá, achei que seria a cara de Ribeirão Preto.