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‘Regina Duarte não cumpriu o que combinou comigo’, afirma Calandreli

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Solista de ópera, agente cultural e professor em Ribeirão Preto, Camilo Calandreli ocupou o cargo de secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, do Governo Federal, por apenas três meses. Nomeado para o cargo há três meses pelo então secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, ele foi demitido um dia antes da posse da atriz Regina Duarte no dia 4 de fevereiro, como titular daquela pasta. Idealizador do Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto, evento que reúne naturalmente na cidade adeptos desta corrente política e ideológica, Calandreli diz que foi traído perseguido por Regina Duarte. Que se reuniu com ela durante três vezes e que a sua permanência no cargo estava acertada. Mas que no dia anterior ela mudou radicalmente de atitude e o exonerou junto com mais “quatorze cristãos conservadores e bolsonaristas”. De volta a Ribeirão Preto, Calandreli diz que foi convidado por várias legendas para disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores, nas eleições de 4 de outubro. Garantiu que também foi indagado sobre uma eventual candidatura como vice-prefeito e que analisa o assunto.

Tribuna Ribeirão – O se­nhor ficou no cargo de secre­tário de Fomento e Incentivo a Cultura por apenas três me­ses. A que atribui sua saída?
Camilo Calandreli – É cla­ro e evidente que houve uma perseguição política contra os cristãos, bolsonaristas e conservadores que estavam à frente da Cultura nesse perío­do e que tinham um propósi­to nobre de devolver a cultura brasileira para seu povo. O objetivo era resgatar nossas identidades regionais e valo­rizar os pequenos e médios produtores e municípios. Essa perseguição foi realizada por Regina Duarte e Humberto Braga, pela liderança do S.O.S. Cultura, pelo braço direito do Movimento Elenão, pelo Par­tido PSOL e pela classe artís­tica. Ela sempre foi privilegia­da por programas culturais de governos anteriores ao de Bolsonaro e que ditaram a de­gradação da arte e dos valores estéticos fundamentais para a emancipação de uma socieda­de justa e perfeita.
Foram exonerados, além de mim, mais outros quator­zes cristãos, bolsonaristas e conservadores que estiveram na linha de frente na campa­nha de Bolsonaro e que foram escolhidos a dedo, pelas quali­dades intelectuais, culturais e pelo currículo adequado para cada pasta. Os trabalhos es­tavam sendo executados bri­lhantemente, com muito en­tusiasmo e de forma inédita, com zelo e devoção ao nosso país e ao nosso presidente.

Tribuna Ribeirão – O senhor conversou com a se­cretária Especial de Cultu­ra, Regina Duarte, sobre sua manutenção no cargo?
Camilo Calandreli – Sim. Foram três conversas exten­sas sobre o funcionamento da minha Secretaria, proje­tos e sobre a permanência no quadro de secretários. Havia a forte possibilidade de mudar de secretaria e ser o novo secretário da Diver­sidade Cultural, já que os programas que estávamos iniciando remetem demais a essa secretaria. Antes do carnaval estava tudo plane­jado, ficaria na equipe dela, porém, durante o carnaval e após sua rescisão com a Rede Globo tudo mudou. Seu comportamento, atitu­des e de forma desrespeito­sa, na noite anterior a sua posse, os quinze conserva­dores, patriotas e bolsona­ristas foram exonerados. Eu recebi o telefonema próxi­mo às 22 horas quando che­gava ao meu apartamento com minha esposa e filho aflitos e nervosos, pois a mídia já estava noticiando a guilhotina realizada por Regina Duarte e Humber­to Braga, ligado ao PSOL e a tudo que é contrário aos anseios do povo que elegeu o presidente Jair Bolsonaro.

Tribuna Ribeirão – Que projetos o senhor conseguiu implementar na secretaria?
Camilo Calandreli – Nes­se período, que considero o mais importante para a Lei Rouanet, conseguimos atin­gir resultados formidáveis, batendo os recordes de apro­vação e captação de projetos culturais, estimulando os pe­quenos e médios produtores, atendendo-os de todas as for­mas, através de telefonemas e orientações instantâneas para que pudessem aprovar com rapidez e captar os recursos a tempo de iniciarem a execu­ção de seus projetos.
Estruturei toda a Nova Instrução Normativa da Se­cretaria, ouvindo diversos produtores culturais e artísti­cos e atendendo as demandas do setor, como por exemplo, desburocratizando o Plano de Distribuição de Ingressos. O plano visa dar liberdade ao produtor em distribuir os in­gressos gratuitos, respeitando as diretrizes da Lei. Incluímos o Programa Pátria Voluntária e ampliamos a contraparti­da de grandes projetos para a formação de novos artistas, criando parcerias com cida­des do interior e demais insti­tuições, visando a descentrali­zação do acesso e da formação de plateia e artistas.
Iniciamos novos convê­nios para o fomento de arte e cultura com diversas cidades pequenas e médias, com uni­versidades e fundações, com a missão de atender aos mu­nicípios mais carentes valori­zando as identidades regio­nais, como por exemplo no Vale do Jequitinhonha e seus mais de trinta municípios. Estávamos em constante par­ceria com o Conselho Nacio­nal de Municípios, elaboran­do novas políticas públicas para descentralizar o acesso à cultura e lutando ardua­mente pelo Fundo a Fundo, que é a forma mais pruden­te de descentralizar recursos financeiros diretamente para os municípios. Estávamos empenhados e motivados na entrega de resultados positi­vos para o setor e para a so­ciedade brasileira.

Tribuna – Que projetos não foram possíveis serem implementados?
Camilo Calandreli – O que mais me chateou foi não conseguir concluir os convê­nios com a nossa cidade, Ri­beirão Preto e outras cidades da região, que receberiam um valor aproximado de R$ 2,5 milhões para projetos de re­forma de equipamentos cul­turais como: Museu do Café, Teatro de Arena e Centro Cultural Sérgio Lauratto em Batatais. O evento dos noven­ta anos do Theatro Pedro II também estava para ser fina­lizado, além de uma parceria inédita com o Departamento de Música da Universidade de São Paulo, campus de Ri­beirão Preto, para a difusão da música sacra e para cria­ção de uma escola de música com a Polícia Militar.

Tribuna Ribeirão – Que avaliação o senhor faz da Lei Rouanet para a cultura brasileira?
Camilo Calandreli – A Lei Rouanet é o principal progra­ma de desenvolvimento eco­nômico para o Brasil. A eco­nomia criativa e o mercado gerado pelos bens culturais e artísticos são impulsionados através da Lei, criando um novo cenário econômico e possibilitando investimentos para milhares de produtores e trabalhadores. A cada R$ 1 real investido na Lei Rouanet o retorno para o Estado é de R$ 1,59. Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas mostra que o setor cultural movimenta cerca de 2,9% do Produto Interno Bruto nacio­nal. Nos Estados Unidos essa porcentagem ultrapassa os 4% e no Reino Unido chega a 6%. Ou seja, que a cultura e a valo­rização de nossas identidades regionais resgata nossa auto­estima, nossa alma enquanto sociedade e gera emprego, renda e oportunidade de cres­cimento da população.

Tribuna Ribeirão – O se­nhor foi indicado para o car­go de secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, pelo dramaturgo Roberto Alvim. Como analisa o vídeo que postou com referência nazis­tas e que acabou provocando a queda dele do cargo.
Camilo Calandreli – Pri­meiramente, Roberto Al­vim foi um dos responsáveis pela escolha dessa equipe, o presidente Jair Bolsonaro aprovou nossos nomes que foram estudados e avaliza­dos por mais pessoas. Com relação ao vídeo, ainda bus­co entender esse episódio, mas, lamentável, pois o vídeo em nada remete ao que real­mente era o Roberto Alvim, pessoa espetacular, coração e alma gigantes, além de muita energia para realizar os pro­jetos em mente, dando total liberdade para os secretários trabalharem.
O vídeo remete ao Prê­mio Nacional das Artes, que foi desenhado pela minha secretaria e que era um pro­jeto extraordinário de resgate da cultura brasileira, porém, o vídeo foi desastroso e in­compatível com a proposta do Prêmio.
Acredito que uma melhor orientação na comunicação, mostrando exemplos de pe­ças publicitárias de outros programas federais, poderia ter ajudado ele e impedido a veiculação desse material. Na época, havia uma enorme pressão, matérias mentirosas sobre um possível desman­che na cultura e uma ansie­dade em mostrar para a po­pulação uma renovação no conceito de se fazer política pública cultural. Além claro, de possíveis sabotagens e crí­ticas de setores políticos an­tagônicos ao presidente que hoje estão ocupando os espa­ços na Cultura Federal, tudo isso contribuiu para a queda de Roberto Alvim.

Tribuna Ribeirão – Quais são seus planos para o futuro?
Camilo Calandreli – Vol­tei para Ribeirão Preto e rece­bi sondagens de partidos po­líticos para disputa eleitoral municipal. Não estou filiado e estou estudando, juntamen­te a minha equipe, a melhor proposta para continuarmos com a luta de colocar o con­servadorismo em pauta em nosso município.

Tribuna Ribeirão – Pre­tende se candidatar a algum cargo político nas eleições deste ano?
Camilo Calandreli – Não quero me candidatar para simplesmente disputar uma eleição, mas sim, liderar uma equipe de patriotas, conser­vadores, cristãos, dando sequência ao projeto de co­locar as pautas e o conserva­dorismo na vida política de nossos cidadãos.
Sou idealizador do Sim­pósio Nacional Conservador, que traz intelectuais, gran­des expoentes dessa corrente política, formando público, lutando por Bolsonaro presi­dente, pela Escola Militar em Ribeirão Preto, por um ensi­no sem doutrinação ideológi­ca nas escolas. Uma proposta que, de fato, resolva a questão da falta de vagas em creches e escolas públicas. Servi ao meu país e ao nosso presiden­te como Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura e agora é chegada a hora de estar à frente, em nossa cidade, na luta eleitoral pelas pautas e pensamentos que trabalhamos durante es­ses últimos anos.

Tribuna Ribeirão – O senhor é considerado nos meios políticos uma pes­soa de extrema direita. O senhor concorda com essa afirmação?
Camilo Calandreli – Adoro essa afirmação. Se me chamam de extrema direita é porque deixo bem claro os meus posicionamentos acer­ca de diversos assuntos. Sou cristão, patriota, bolsona­rista, agradeço ao professor Olavo de Carvalho por todo o ensinamento que permitiu tirar a venda de meus olhos e agradeço a todos que estive­ram ao meu lado nesse tempo todo, principalmente minha esposa e meu filho. Deus por todos e todos por Ribeirão, assim teremos uma cidade mais justa e mais perfeita!

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