Tribuna Ribeirão
Economia

Taxa de juros cai para 3,75% ao ano

AMANDA PEROBELLI/REUTERS

Em meio à crise econômi­ca decorrente da pandemia do novo coronavírus, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por una­nimidade, reduzir a Selic – taxa básica de juros da economia – em 0,5 ponto percentual, de 4,25% para 3,75% ao ano. Este é o sexto corte consecutivo no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade.

Com isso, a Selic está ago­ra em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. A decisão surpreendeu os analistas fi­nanceiros. Segundo a pesquisa Focus do BC, a maior parte dos agentes econômicos esperava a redução dos juros básicos para 4% ao ano nesta reunião e um corte adicional, para 3,75%, an­tes do fim de 2020.

O agravamento da crise global decorrente da pande­mia do novo coronavírus levou diversos bancos centrais do mundo a intensificar o afrou­xamento das condições mone­tárias em economias centrais desde o último fim de semana. Com isso, boa parte do merca­do passou a defender um corte de maior magnitude nos juros também no Brasil.

A decisão do Federal Re­serve – Banco Central norte­-americano – e dos principais bancos centrais do planeta, que reduziram juros nas maiores economias mundiais nos últi­mos dias, abriu espaço para a redução maior que o esperado. Nos Estados Unidos, os juros básicos foram zerados na noite de domingo (15), para baratear o crédito na maior economia do planeta em meio à ameaça de recessão econômica global.

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outu­bro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa che­gasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser re­duzida em julho de 2019.

Inflação
A Selic é o principal ins­trumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos 12 meses terminados em fevereiro, o indicador fechou em 4,01%, o maior resultado anual desde 2016. A infla­ção, que tinha subido no fim do ano passado por causa da alta da carne e do dólar, agora deve cair mais que o previsto por causa das interrupções da produção e do consumo pro­vocadas pela covid-19.

Para 2020, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4%, com margem de tole­rância de 1,5 ponto percentu­al. O IPCA, portanto, não po­derá superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com interva­lo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezem­bro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA continuará abai­xo de 4% nos próximos anos, atingindo 3,5% em 2020 e 3,4% em 2021 e 2022. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com insti­tuições financeiras divulga­da pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,1%, mas as estimativas deverão continuar a cair nos próxi­mos levantamentos.

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