Tribuna Ribeirão
Economia

Bolsa cai 12%, e dólar fecha a R$ 4,72

AMANDA PEROBELLI/REUTERS

Em um dia de pânico no mercado financeiro global, o dólar aproximou-se de R$ 4,80, mesmo com o Banco Central (BC) vendendo a mo­eda das reservas internacio­nais. A bolsa de valores brasi­leira, a B3, caiu 12%, chegando a ter os negócios interrompi­dos durante a manhã. O índi­ce Ibovespa fechou o dia com recuo de 12,17%, aos 86.067 pontos, retornando aos níveis de dezembro de 2018.

Essa foi a maior queda para um único dia desde setembro de 1998, quando a Rússia declarou moratória. O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (9) vendido a R$ 4,726, com alta de 1,97%, R$ 0,091, no maior valor nominal desde a criação do real. Também é a maior alta percen­tual desde 6 de novembro do ano passado, quando subiu 2,2% por conta da frustração com o leilão do pré-sal.

O BC interveio no mercado duas vezes. Pela manhã, a auto­ridade monetária vendeu à vista US$ 3 bilhões das reservas inter­nacionais. À tarde, vendeu mais US$ 465 milhões, embora tenha oferecido até US$ 1 bilhão. Até a semana passada, o BC estava apenas leiloando novos contra­tos de swap cambial, que funcio­nam como venda de dólares no mercado futuro.

A divisa dos Estados Unidos fechou em novo recorde his­tórico em meio à onda de fuga do risco causada pela decisão da Arábia Saudita de reduzir pre­ços e aumentar a produção do petróleo. A moeda americana acumula alta de 18% ante o real no ano, mas o rublo da Rússia passou a ser a moeda com pior desempenho ante o dólar, que sobe 21% no país.

A divisa dos EUA disparou mais de 9% no mercado russo. Em outros mercados, avançou 6% na Colômbia, 5% no Mé­xico e 3,2% na África do Sul. Pela manhã, a B3 chegou a ter as negociações interrompi­das por 30 minutos porque o Ibovespa tinha caído mais de 10%. Esse é o chamado circuit breaker, mecanismo acionado quando o índice cai mais que determinado nível.

A última vez em que a bolsa tinha tido as negociações inter­rompidas foi em maio de 2017, após a divulgação de conversas do então presidente Michel Te­mer com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. Os merca­dos de todo o planeta, que nas últimas semanas têm atravessa­do momentos de instabilidade por causa dos receios de uma recessão global provocada pelo coronavírus, enfrentaram um dia de pânico com a disputa de preços entre Arábia Saudita e Rússia em torno do petróleo.

Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Arábia Sau­dita aumentou a produção de petróleo depois que o governo de Vladimir Putin decidiu não aderir a um acordo para reduzir a extração em todo o mundo. O aumento de produção num cenário de queda mundial de demanda por causa do corona­vírus fez a cotação do barril de petróleo iniciar o dia com queda de mais de 30%.

Por volta das 18 horas, o bar­ril do tipo Brent era vendido a US$ 33,41, com queda de 26,2%. Essa foi a maior queda no preço internacional para um dia desde a Guerra do Golfo, em janeiro de 1991. Para o Brasil, a queda no barril de petróleo afeta as ações da Petrobras, a maior empresa brasileira capitalizada na bolsa.

Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) da companhia fecharam o dia com queda de 29,68%. Os papéis preferenciais (que dão preferência na distri­buição de dividendos) caíram 29,7%. Segundo a própria Pe­trobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável quando a cotação do barril está acima de US$ 45.

A queda nas cotações do barril de petróleo traz outras consequências para a econo­mia brasileira. Caso os pre­ços baixos se mantenham, a companhia repassará a queda do preço internacional para a gasolina e o diesel. Se, por um lado, a queda beneficia os con­sumidores; por outro, prejudi­ca o setor de etanol, que perde competitividade.

Os preços mais baixos dimi­nuem a arrecadação de royalties do petróleo e a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual, num momento em que diversos estados atravessam dificuldades financeiras. O presidente Jair Bolsonaro disse que o governo federal não vai interferir para controlar o preço do barril de petróleo no Brasil.

Em manifestação no seu perfil no Twitter, o presidente reforçou que “não existe pos­sibilidade de o governo au­mentar a Cide [Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico] para manter os preços dos combustíveis”. “O barril do petróleo caiu, em média, 30% (US$ 35 o barril). A Petrobras continuará man­tendo sua política de preços sem interferências. A tendên­cia é que os preços caiam nas refinarias”, escreveu.

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