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Ribeirão dos buracos: como ganhar ($)

Um morador de uma cidade da região trouxe a família para pas­sear num dos shoppings e resolveu ir ao Pinguim. Passando pela 9 de Julho, teve a “grata surpresa” de ouvir a barulheira do veículo em sua suspensão. Voltou para casa, procurou a oficina mecânica dos velhos conhecidos e quis saber o que estava acontecendo. O mecâni­co foi logo falando: “O senhor deve ter ido a Ribeirão. O buraco que te esperava fez um estrago. Vai ter que trocar a caixa da direção. Fica só em 5 mil e cem reais.”

O impacto da informação fez ele pensar em mover uma ação inde­nizatória contra o município. Passado o choque, preferiu vir procurar outras oficinas, em Ribeirão. Logo na primeira (era um autocenter), o recepcionista colocou o veículo no elevador, olhou e confirmou: “o buraco era enorme”. Passados alguns minutos veio o orçamento: “Se o senhor quiser esperar eu já troco a peça. Fica em 110 reais”.

Foi outro choque. Mas se esclareceu que era só trocar a “bieleta” (uma pequena barra de sustentação na suspensão). Não tinha nada com a caixa da direção, nem com a conhecida biela do motor. Como diz a Band News, em “20 segundos tudo pode mudar”.

Serviço feito, pago e a conversa se arrastou. Ribeirão está “re­pleta” (é quase isso!) de autocenters, centros automotivos, oficinas especializadas em serviços na suspensão dos nossos veículos.

Dizem que os buracos se multiplicaram nos últimos anos (a partir do governo da Dárcy Vera), aumentaram os problemas na sus­pensão dos automóveis e dos demais veículos de pequeno e médio porte. Quer dizer, a buraqueira se transformou numa questão de (bons) negócios, rentáveis, para a Nakata.

Assim é que ampliou a atividade comercial. Ribeirão tem muitos auto(s) center(s), por todos os lados. O empreendedor está motivado e não precisa buscar ideias no Sebrae. Basta ter a iniciativa e algum capital, aliado ao conhecimento, é óbvio.

Vem nisso outra questão: o avanço da modernidade. Numa ci­dade pequena (na Região) ainda é tudo pouco evoluído. As oficinas mecânicas fazem tudo, motor, suspensão, parte elétrica e funilaria. A especialização nem sempre comporta abrir uma atividade comercial.

Foi o tempo que o trabalho se dividia em razão da idade (para jovens ou idosos), em razão do sexo (para homens ou mulheres), a vida era diferente e o mundo dos negócios muito rudimentar.

Hoje, na nova realidade industrial e comercial, há o progresso da técnica e das máquinas. Aumentam as ocupações, separam-se as profissões. Falamos da divisão do trabalho, com novas tarefas (outras no futuro serão conhecidas) para atender o desmembramen­to das operações numa atividade. O comércio já está intensamente dividido. É a divisão sociológica do trabalho humano.

Esta evolução objetiva atender às necessidades da população, sempre crescentes.

Dá para afirmar que a organização moderna do trabalho deixa de ser uma técnica ou uma arte, tem a aparência de uma nova espé­cie de ciência.

Por consequência, surgem espécies diversas de proteção a quem trabalha e a quem desfruta do trabalho humano. São os muitos siste­mas jurídicos trabalhistas puros e os que já sofrem as influências dos sistemas civilistas (autônomos).

A especialização é algo da modernidade.

Alguém ainda fala em “chamar o médico de família” (o que vi­nha em casa)? Aquele que os franceses chamam de “faz tudo” (sem especialização).

O autocenter é resultado dessa especialização. Os nossos buracos trouxeram a modernidade.

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