Murilo Bernardes
Com mais de 100 anos de tradição, o Botafogo Futebol Clube tem como um dos pilares de sua história a formação de grandes craques. “Celeiro de Campeões” é o apelido que foi dado ao clube devido ao fato de nomes expressivos do futebol brasileiro terem sido formados no Pantera.
Sócrates, Zé Mario, Raí, Baldocchi, Tim, Cicinho e Doni são alguns exemplos de jogadores que surgiram no Botafogo e chegaram até mesmo a vestir as cores da Seleção Brasileira em competições importantes. À exceção de Zé Mario, todos os outros disputaram Copas do Mundo.
Embora nos últimos anos a “fabrica” de bons jogadores botafoguenses esteja meio parada, a tradição segue firme e as categorias de base a todo vapor. Atualmente o departamento de formação do Botafogo é dividido em duas partes.
Alunos de 4 a 16 anos ficam na escola oficial do clube, que é gerida pelo Botafogo Futebol Clube. Já as categorias sub15, sub17 e sub20 são responsabilidade da Botafogo S/A, empresa criada para administrar o futebol profissional do Pantera.
Polêmica dos troféus
Administrada há mais de 10 anos por Carlos Vitor Abduch, a escolinha oficial do Botafogo foi recentemente pivô de uma polêmica envolvendo a história do clube. O local está passando por uma profunda reforma e durante o processo foi identificado que alguns troféus não apresentavam condições de continuar sendo guardados.
Segundo Abduch, numa decisão tomada por ele, mas que o próprio reconhece que o processo poderia ter sido feito de outra forma, alguns troféus deveriam ser jogados fora.
O descarte dos troféus foi feito numa caçamba localizada na frente da escola. Não demorou muito para fotos dos objetos circularem nas redes sociais promovendo enorme comoção entre a coletividade botafoguense.
“Foi uma decisão que eu tomei, como responsável da escolinha. Não foi o BFC e nem a S/A, foi eu. Nós encontramos ninhos de escorpião dentro de alguns troféus, ratos, e por isso decidimos fazer o descarte. É uma decisão difícil, mas foi tomada pensando no bem-estar dos mais de 300 alunos que nós temos na escola. Eu reconheço que poderia ter sido feito de uma forma diferente, mas na inocência, não pensamos que teria tal repercussão”, afirmou Abduch.
Segundo Abduch, a sala de conquistas da escolinha segue intacta e aberta ao torcedor para visitação. O coordenador também destacou que a preocupação maior sempre foi os alunos. “Nossa sala de troféus segue cheia, muito bonita. O torcedor que quiser vir aqui relembrar nossas conquistas será muito bem recebido. Nossa decisão foi pensando nas crianças. O bem-estar deles é o que mais interessa para nós”, ressaltou.
Reforma
Em meio às polêmicas, o espaço da escola oficial do clube está passando por uma grande reforma. Todos os cinco campos do complexo tiveram a grama trocada, a estrutura foi revitalizada e recebeu nova pintura, além da instalação de um sistema de irrigação profissional no campo principal.
Segundo Abduch, o valor gasto na obra se aproxima dos 80 mil reais. Os valores foram investidos por ele e um grupo de conselheiros do clube.
“Os valores foram investidos visando à melhoria das condições da escolinha. Agora temos grama nova em todos os campos, iluminação, sistema de irrigação e pintura nova. O lugar está muito bacana, apto para receber os nossos alunos”, disse.
Com mais de 300 alunos e 20 funcionários, a expectativa é de que a escolinha triplique o número de atletas em 2020.
“Nossa expectativa é de terminar o ano com aproximadamente mil alunos. Todas as reformas e adequações feitas foram visando isso. É para o futuro do clube, ter uma categoria de base que forme bem e abasteça o futebol profissional. É um trabalho a longo prazo, mas nós estamos muito empolgados”, afirmou Abduch, relembrando que esta é a primeira grande reforma feita desde a inauguração do local.
A expectativa é de que o local esteja 100% reformado em no máximo 60 dias. Mesmo sem tudo estar concluído, as aulas voltaram normalmente e os alunos já estão treinando na nova estrutura.