O cantor lírico, maestro, professor de História da Arte e História da Ópera e produtor artístico Camilo Calandreli, de Ribeirão Preto, foi exonerado da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic) na terça-feira, 3 de março. Nomeado para o cargo havia três meses pelo então secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, ele deixou o cargo um dia antes da posse da atriz Regina Duarte, que ocorreu nesta quarta-feira (4), em Brasília.
Roberto Alvim foi demitido em 17 de janeiro após parafrasear o nazista Joseph Goebbels (1897-1945) em discurso para anunciar um prêmio nacional do setor cultural, o que provocou forte repercussão negativa em diferentes setores da sociedade. Em comunicado, Calandreli agradeceu a oportunidade de gerir uma das pastas mais importantes da cultura brasileira.
“Agradeço ao Grupo Brasil Limpo de Ribeirão Preto pelos belíssimos trabalhos que me projetaram para ocupar um cargo de extrema relevância nacional”, cita. Também destaca ações que pretendia implementar, caso continuasse no cargo, como “convênios com diversas universidades e prefeituras na difusão da arte sacra brasileira, ópera e festas regionais. Nova Instrução Normativa da Lei Rouanet que diminuía a ação de arte imprópria para crianças, sem ideologia de gênero, combatendo agressões a símbolos religiosos e minimizava questões politizadoras”.
Ele é assumidamente conservador e um dos gestores do Grupo Brasil Limpo, de Ribeirão Preto – defende o que considera posições firmes e conservadoras sobre valores sociais, ideias e posturas políticas. Em contato com o Tribuna nesta quarta-feira, Calandreli afirmou que foi convidado por várias legendas para disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores, nas eleições de 4 de outubro. Garantiu que também foi indagado sobre uma eventual candidatura a vice-prefeito. O Tribuna entrou em contato com dois dos partidos citados por Calandreli que confirmaram os contatos. Eles pediram anonimato neste momento.
Também foram exonerados por Regina Duarte, Dante Mantovani, até então presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte) – aquele que disse que o rock induz ao satanismo, às drogas, ao sexo e ao aborto (sic) – e Paulo Cesar Brasil do Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Museus. Sérgio Camargo, o polêmico presidente da Fundação Palmares – disse que a escravidão foi benéfica aos descendentes e que não existe racismo no Brasil – está confiante que fica.
Ele chegou a ser afastado momentaneamente do cargo pela Justiça. Também foram exonerados de seus cargos Gislaine Targa (chefe de gabinete da Sefic), Raquel Brugnera (chefe de gabinete da Secretaria da Economia Criativa), Ednagela Santos (diretora do Departamento de Promoção da Diversidade Cultural), Reynaldo Campanatti (secretário da Economia Criativa) e Ricardo Freire Vasconcellos (diretor do Sistema Nacional de Cultura).