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Prefeitura monitora 50 ‘acumuladores’ em Ribeirão

CCS/RIBEIRÃO PRETO

Ribeirão Preto tem cin­quenta acumuladores – pesso­as ou famílias –, acompanha­das pelo Comitê de Atenção às Pessoas em Situação de Acu­mulação, criado pela Prefeitu­ra no final de 2019. Elas so­frem da chamada Síndrome de Diógenes (ver nesta página). O órgão é multidisciplinar e des­de sua implementação já pro­moveu quatro ações de limpe­za e apoio aos acumuladores no município.

Somente no ano passado foram recolhidos pela Prefei­tura cerca de 27 toneladas de materiais nas residências de acumuladores, uma média de 6,8 toneladas de resíduos de cada casa.

A mais recente ação foi realizada nos dias 12 e 13 de fevereiro, na residência de um senhor de 85 anos, morador do Jardim Florestan Fernandes, no Complexo Ribeirão Verde, Zona Leste da cidade.

Material é retirado pela Prefeitura após autorização judicial ou da família

Lá, a Coordenadoria de Limpeza Urbana (CLU) reti­rou cinco caminhões de lixo e dois de materiais recicláveis. Entre os materiais existiam te­lhas quebradas, latas e pneus velhos, restos de eletrodomés­ticos, sucatas de veículos e até a carcaça de um antigo cami­nhão Ford 350, cuja boleia ser­via como abrigo ao idoso.

“O trabalho não é apenas uma ação de limpeza. É uma ação que promove encami­nhamento aos serviços públi­cos de saúde e assistência. Este senhor será atendido por um psicólogo e o apoio da família será fundamental para que ele tenha todo o tratamento que precisa”, informou durante a retirada, Kelly Cristina da Sil­va, coordenadora do Comitê Intersecretarial.

O comitê

Formado pelo Fundo So­cial de Solidariedade, pelas secretarias de Assistência So­cial, Saúde, Negócios Jurídicos, Meio Ambiente, Infraestrutu­ra, Coordenadoria de Limpeza Urbana, Defesa Civil e Guarda Civil Metropolitana, o Comitê Intersecretarial de Atenção às Pessoas em Situação de Acu­mulação é responsável por articular ações de promoção e assistência à saúde, visando bem-estar físico, mental e so­cial em cada caso identificado.

A Secretaria da Saúde, por meio do Departamento de Assistência à Saúde das Pes­soas, fica responsável pelos cuidados físico e mental, assim como por realizar o atendi­mento das pessoas e suas fa­mílias em atuação conjunta da Atenção Básica com o serviço especializado de saúde mental.

Cabe ao Departamento de Vigilância em Saúde e Plane­jamento realizar as visitas do­miciliares para identificar os riscos sanitários à saúde indi­vidual e coletiva, além de exe­cutar as ações cabíveis.

Já o Meio Ambiente fica responsável por avaliar os ris­cos ambientais decorrentes das situações encontradas e tomar as providências cabíveis, além de avaliar, por meio da Coor­denadoria do Bem-estar Ani­mal, as condições de saúde dos animais domésticos.

A Infraestrutura atua for­necendo os veículos e equi­pamentos para a retirada dos materiais, enquanto a Coor­denadoria de Limpeza Urba­na avalia cada caso, elabora e executa os planos de ação para a retirada dos resíduos, ofere­cendo a devida destinação.

Já a Defesa Civil faz a ava­liação da estrutura do imóvel nos casos em que há suspei­ta de risco estrutural, assim como elabora relatório de vis­toria, notifica o responsável pelo local e, quando houver interdição com necessidade de acolhimento do indivíduo, aciona a Secretaria de Assis­tência Social.

As denúncias são centrali­zadas pela Assistência Social e as doações às famílias são rece­bidas pelo Fundo Social de So­lidariedade, que também com­põem o comitê. Vale lembrar que todas as intervenções, são realizadas com o consentimen­to do proprietário do imóvel ou por familiar responsável. As intervenções sem consenti­mento só podem ser realizadas por meio de ordem judicial.

Quem são os acumuladores

Os acumuladores compulsivos são pessoas que têm uma grande dificuldade em se descartar ou deixar seus pertences, mesmo que já não tenham qualquer utilidade.

Sofrem da chamada Síndrome de Diógenes, uma desordem mental que tem como sintomas o desejo de acumular objetos, ou até lixo, em casa. Outras características são o descuído extremo com a higiene pessoal e a limpeza da própria moradia, além do isola­mento social.

Somente no ano passado foram recolhidos pela Prefeitura cerca de 27 toneladas de materiais nas residências de acumuladores, uma média de 6,8 toneladas de resíduos de cada casa.

Normalmente os objetos acumulados são aleatórios e podem até ser encontrados no lixo, mas a pessoa os vê como podendo ser necessários no futuro ou podendo vir a ter valor monetário elevado.

Este transtorno pode ser fácil de identificar por familia­res ou amigos, mas, geralmente, a própria pessoa não consegue identificar que tem um problema e, por isso, não procura por tratamento.

Já em outros casos, o transtorno é leve e, como não afeta as atividades diárias não é notado, também não sendo tratado. No entanto, sempre que existe suspeita, é importante consultar um psicólogo para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.

Diferença entre acumulador e colecionador

O acumulador pode ser confun­dido com um colecionador, ou pode até utilizar a desculpa de fazer coleção, apenas que os outros não o vejam de forma estranha.

Porém, uma forma fácil de distinguir ambas as situações é que, normalmente, o colecio­nador tem orgulho em mostrar e organizar a sua coleção, enquanto o acumulador prefere manter em segredo e esconder os objetos que acumula, além de ter muita dificuldade em se organizar.

Causas do transtorno – Não se sabe a causa exata que leva uma pessoa a fazer acumulação ex­cessiva de objetos, no entanto, é possível que esteja relacionado com fatores genéticos, com o funcionamento cerebral ou com eventos estressantes vivencia­dos pela pessoa.

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