Ribeirão Preto registrou nesta terça-feira, 18 de fevereiro, o segundo caso autóctone de morte por dengue hemorrágica e o terceiro que acontece na cidade neste ano. Um senhor de 72 anos estava internado desde sábado (15) na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) e não resistiu. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa da instituição.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Saúde informa que o paciente foi atendido na Unidade Básica Distrital de Saúde Doutor João Batista Quartin (UBDS Central) na última quinta-feira, dia 13, com suspeita de dengue, “recebeu atendimento, ocasião em que foi coletado material para exames”. Informa ainda que “a causa morte está sendo investigada, juntamente com o Hospital das Clínicas”.
A vítima apresentava sintomas da doença. Dois dias depois de ser atendido na UBDS Central, o idoso foi encaminhado para a Unidade de Emergência do HC. Segundo o hospital, os testes confirmaram a doença. No entanto, ele apresentou complicações graves, secundárias ao quadro agudo de dengue, e morreu na manhã desta terça-feira. O paciente morava no bairro Ipiranga, Zona Norte de Ribeirão Preto.
No ano passado, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica. Também foram confirmados em 2019 dez casos graves da doença – não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti – mesmo vetor do zika vírus e das febres chikungunya e amarela (na área urbana).
Neste início de 2020, em 15 de janeiro, a menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, morreu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas o caso foi importado de São Simão – no primeiro atendimento, em sua cidade natal, ela foi diagnosticada com gripe. No dia 1º deste mês, Denis Bryan Souza Rodrigues, de 10 anos, também foi a óbito. Foi o primeiro caso de autóctone de morte na cidade neste ano. O primeiro diagnóstico foi de virose.
Desde o dia 1º de janeiro e até sexta-feira (14), Ribeirão Preto já somava 1.939 casos confirmados de dengue e a Secretaria Municipal da Saúde investigava mais 6.169 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames, segundo o Boletim Epidemiológico. A média de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti neste início de ano está em 43 por dia.
A secretaria pede a colaboração da população, lembrando que 80% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas e cabe ao morador eliminá-los.
Também ressalta que o Índice de Breteau em Ribeirão Preto fechou janeiro em 13,8% – mede a quantidade de criadouros e a infestação do Aedes aegypti. A escala para avaliar a proliferação do mosquito diz que até 1% as condições são satisfatórias, de 1% a 3,9% já coloca o município em situação de alerta e superior a 4% já há risco de surto de dengue. Significa que de cada 100 imóveis, em quase 14 há larvas do vetor.
Dos 1.939 casos confirmados até agora, 1.550 são de janeiro e 389 de fevereiro. O total de ocorrências em 45 dias deste ano já está 74,7% acima das 1.110 do primeiro bimestre inteiro do ano passado, com acréscimo de 829 vítimas. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da SMS, Ribeirão Preto registrou 14.421 casos de dengue no ano passado. Os dados foram atualizados em janeiro, quando chegaram os resultados de exames pendentes de 2019. São 14.150 ocorrências a mais que os 271 de 2018, alta de 5.221%, cerca de 52 vezes superior – a quarta maior marca desde 2009.
A maioria das vítimas do mosquito (613) tem entre 20 e 39 anos. Depois aparecem os adultos de 40 a 59 anos (525), jovens de dez a 19 anos (313), idosos com mais de 60 anos (292), crianças de 5 a 9 anos (126), de um a quatro anos (48) e menores de um ano (22). Em 2020, os casos de dengue foram registrados nas regiões Leste (601), Norte (340) – onde o senhor de 72 anos morava –, Sul (196), Oeste (491), Central (240) e 71 não têm identificação de distrito.
Ribeirão Preto acumula 125.224 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009. Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 500 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde. Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 500.896 pessoas em onze anos.
Em janeiro de 2020, já foram realizadas 40.539 vistorias em imóveis residenciais, comerciais e em pontos estratégicos da cidade, com identificação e eliminação de 3.488 focos do mosquito, como garrafas descartáveis, calhas, tampas, recipientes, material de construção civil e piscinas, entre outros. Durante os arrastões de limpeza, também promovidos todos os sábados do segundo semestre de 2019, já foram recolhidas mais de 126 toneladas de criadouros do mosquito, entre elas, mais de cinco mil pneus. Neste ano não há casos de chikungunya, febre amarela, zika e influenza (H1N1, H2N2 e outras variáveis di vírus).