Desde o dia 1º de janeiro e até esta sexta-feira, 14 de fevereiro, Ribeirão Preto já somava 1.939 casos confirmados de dengue e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais 6.169 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado ontem. A média de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti neste início de ano está em 43 por dia
Os números indicam que se a população não colaborar eliminando os potenciais criadouros do Aedes aegypti – mesmo vetor do zika vírus e das febres chikungunya e amarela (na área urbana) –, a cidade deve ter nova epidemia neste ano. O secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, voltou a pedir a colaboração da população, lembrando que 80% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas e cabe ao morador eliminá-los.
Também ressalta que o Índice de Breteau em Ribeirão Preto fechou janeiro em 13,8% – mede a quantidade de criadouros e a infestação do Aedes aegypti. A escala para avaliar a proliferação do mosquito diz que até 1% as condições são satisfatórias, de 1% a 3,9% já coloca o município em situação de alerta e superior a 4% já há risco de surto de dengue. Significa que de cada 100 imóveis, em quase 14 há larvas do vetor.
Dos 1.939 casos confirmados até agora, 1.550 são de janeiro e 389 de fevereiro. O total de casos confirmados em 45 dias deste ano já está 74,7% acima das 1.110 ocorrências do primeiro bimestre inteiro do ano passado, com acréscimo de 829 vítimas. A quantidade de pacientes infectados também é bem superior aos 82 dos dois primeiros meses de 2018 (45 em janeiro e 37 em fevereiro) e aos 30 de 2017 (16 e 14, respectivamente). Em 2016, a cidade contabilizou 22.265 registros (9.346 no primeiro mês e 13.319 no segundo), a maior incidência desde 2013 para o bimestre.
O total de casos em 2020 já está sete vezes (6.165%) acima dos 271 de 2018 inteiro, com 1.668 ocorrências a mais, e é quase oito vezes superior (6.882%) aos 246 de 2017, com 1.693 vítimas do mosquito a mais. Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica, além de e dez casos graves da doença – não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti.
Neste início de 2020, a menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, morreu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas o caso foi importado de São Simão. No dia 1º deste mês, Denis Bryan Souza Rodrigues, de 10 anos, também foi a óbito. Foi o primeiro caso de autóctone de morte na cidade neste ano. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da SMS, Ribeirão Preto registrou 14.421 casos de dengue no ano passado.
Os dados foram atualizados em janeiro, quando chegaram os resultados de exames pendentes de 2019. São 14.150 ocorrências a mais que os 271 de 2018, alta de 5.221%, cerca de 52 vezes superior – a quarta maior marca desde 2009. A cidade também registrou três mortes por dengue hemorrágica. A maioria das vítimas do mosquito (613) tem entre 20 e 39 anos. Depois aparecem os adultos de 40 a 59 anos (525), jovens de dez a 19 anos (313), idosos com mais de 60 anos (292), crianças de 5 a 9 anos (126), de um a quatro anos (48) e menores de um ano (22).
Em 2020, os casos de dengue foram registrados nas regiões Leste (601), Norte (340), Sul (196), Oeste (491), Central (240) e 71 não têm identificação de distrito. No ano passado, dentre as 14.421 vítimas do Aedes aegypti, 4.469 são da Zona Oeste, 3.898 da Zona Norte, mais 3.104 da Leste, 1.668 da Central, 1.272 da Sul e dez sem identificação de distrito. Foram investigados 23.468 casos. Ribeirão Preto registrou 259 ocorrências em janeiro, 851 em fevereiro, 1.861 em março, 4.222 em abril, 4.840 em maio, 1.503 em junho, 319 em julho, 80 em agosto, 51 em setembro e outubro, 96 em novembro e 288 em dezembro.
Em 2018, foram 45 ocorrências no primeiro mês, 37 no segundo, 28 no terceiro, 42 no quarto, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, cinco em novembro e 38 em dezembro. No ano passado, das 271 pessoas contaminadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito.
Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos, maior surto da história da cidade), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Ribeirão Preto também constatou 1.700 casos em 2009 e 4.689 em 2015.
Ribeirão Preto acumula 125.224 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009. Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 500 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde.
Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 500.896 pessoas em onze anos.
Em janeiro de 2020, já foram realizadas 40.539 vistorias em imóveis residenciais, comerciais e em pontos estratégicos da cidade, com identificação e eliminação de 3.488 focos do mosquito, como garrafas descartáveis, calhas, tampas, recipientes, material de construção civil e piscinas, entre outros.
Durante os arrastões de limpeza, também promovidos todos os sábados do segundo semestre de 2019, já foram recolhidas mais de 126 toneladas de criadouros do mosquito, entre elas, mais de cinco mil pneus. Neste ano não há casos de chikungunya, febre amarela, zika e influenza (H1N1, H2N2 e outras variáveis di vírus).
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009……………………………..1.700 casos 2010………………………….. 29.637 casos 2011………………………….. 23.384 casos 2012………………………………..317 casos 2013………………………….. 13.179 casos 2014………………………………..398 casos 2015……………………………..4.689 casos 2016………………………….. 35.043 casos 2017………………………………..246 casos 2018………………………………..271 casos 2019………………………….. 14.421 casos 2020…………………………..1.939 casos * *
São 1.550 de janeiro e 389 de fevereiro Total desde 2009: 125.224, mas estudo da SMS aponta que o número seja quatro vezes superior, de 500.896