Por Guilherme Sobota
Em fevereiro de 1963, Kirk Douglas visitou o Brasil ainda se aproveitando do sucesso de Spartacus (1960), o filme em que atuou e produziu, chamando ninguém menos que Stanley Kubrick para ajudar na direção quando o projeto parecia que não ia decolar. Douglas morreu nesta quarta-feira, 5, aos 103 anos de idade.
Conforme relatado nas páginas do jornal O Estado de S. Paulo, o ator e produtor visitou Brasília, passou o carnaval no Rio e depois ainda viajou a São Paulo. Douglas chegou ao País pela então recém-inaugurada capital federal e com simpatia elogiou a arquitetura da cidade.
“O ator manifestou-se impressionado com a arquitetura de Brasília, assinalando que é realmente uma das mais expressivas obras em todo o mundo”, diz a reportagem publicada no jornal em 23 de fevereiro de 1963. “Disse a propósito, que os norte-americanos em geral ‘têm uma outra filosofia: constroem mais devagar, enquanto os brasileiros fazem tudo a jato’. Fez contudo uma crítica: não gostou dos móveis do Alvorada, pois preferiria ver ali moveis brasileiros, não os norte-americanos que encontrou.”
Ainda em Brasília, anunciou vontades (nunca realizadas) de produzir um filme sobre a vida de Juscelino Kubitschek, e também de interpretar Simon Bolívar.
Em seguida, o ator foi para o Rio passar o carnaval, “divertindo-se no baile no Municipal” (que ele definiria mais tarde como “tremendamente contagiante”). Ali, ele também recebeu uma homenagem do Instituto Brasil-Estados Unidos.
A próxima parada da viagem foi São Paulo, onde “o ator foi envolvido por populares ainda no pátio de manobras do Aeroporto de Congonhas, assim que desembarcou”.
Em entrevista coletiva na cidade (“extremamente concorrida, com prejuízos para o trabalho dos cronistas especializados”, segundo o Estado), Kirk Douglas disse que achava a bossa nova “espetacular” e que levaria como lembrança do Brasil uma “rede nordestina”.
O ator lamentou não conhecer o cinema brasileiro, mas comentou que tinha interesse em assistir a O Pagador de Promessas. A reportagem do Estado informava que ele se encontraria com o governador paulista no Palácio dos Campos Elísios e que passaria o fim de semana no Guarujá.