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A HISTÓRIA DE DU LELIS: Acidente, depressão e título mundial

JF PIMENTA

Em setembro de 2009 o então vendedor José Eduardo Lelis, o Du Lelis, sofreu um aciden­te que mudou totalmente sua vida. Ao desviar de um carro, colidiu com a moto que dirigia em uma caçamba. As consequ­ências foram graves: nove fratu­ras em uma das pernas.

Ficou internado por 50 dias e recebeu a notícia que teria que amputar o membro inferior. “Eu não aceitei. Quem aceita? Se al­guém chegar aqui e falar que você precisa amputar o dedinho mindinho você vai aceitar? Ima­gina uma perna”, conta.

Mas não teve jeito. Apesar de não querer, a amputação foi ne­cessária, por conta de uma infec­ção hospitalar. Além de perder a perda, Du entrou em depressão profunda começou a usar drogas e a beber. “Foi uma fase difícil. Foi um período duro”.

A recuperação veio por meio de uma promessa. “Minha mãe me via naquela situação e estava triste. No aniversário dela eu não tinha dinheiro para dar presen­te, então eu falei que iria dar um presente melhor, que iria parar com as drogas e as bebidas e ten­tar fazer esporte”.

Isso foi em 2012. Procurou ajuda de outros amputados e recebeu apoio de pessoas fa­mosas. “Conversei com o Pedro Neves (recordista sul-americano em salto em distância e um dos nomes fortes do paratletismo) e com o Fernando Fernandes (ex­-BBB e tetracampeão mundial de paracanoagem). Falei que queria fazer canoagem também, mas o Fernando me tirou de ideia, pois não tinha onde treinar”, ri.

Ele foi indicado a ir para Itú, onde ocorreria uma convenção de paratletas. Lá conheceu diversas modalidades e decidiu entrar para o supino. Um ano depois foi para a primeira competição e se tornou campeão paulista amador.

Em Itú conheceu o técnico Val­decir Lopes, que treina os campe­ões nacionais. “Ele viu potencial e me chamou para uma competição em São Paulo. Fui pro Holliday Inn e fiquei junto com os feras. Mas eu me achava campeão, estava com o nariz empinado (rsrs). Fui des­classificado em todas as tentativas. Não executava a técnica correta e ele (Valdecir) sabia disso. Foi en­tão que decidi treinar mais sério”.

Os treinos deram resultados. Foi bicampeão Paulista, campeão Brasileiro e campeão Sul-Ameri­cano, quebrando o recorde da ca­tegoria especial em 2016. Em 2019 veio o título mundial de Supino Raw (categoria sem equipamento) durante a 14ª edição do Circuito Mundial de Supino e Levantamen­to Terra, o World Championship.

Hoje, aos 42 anos, vive de atletismo. Conta com bolsa-atle­ta e apoio de amigos. “Minha alimentação é diferenciada. Vivo só pelo esporte. Treino todos os dias, mas para o que busco, pre­ciso de um pouco mais”, conta. Sobre a mãe, ele se emociona. “Quando ela foi ver competindo, ela não acreditou”.

Du Lelis tem planos de compe­tir fora do Brasil, no Mundial do Canadá, no final do ano. Para isso precisa passar algumas etapas (re­gionais, nacional e sul-americano). “Eu estou entre os cinco melhores do país e sei que posso melhorar. O recorde sul-americano é meu e quero quebrá-lo. Estou focado”.

Neste final de semana participa de uma competição regional em Brasília, o primeiro desafio do ano. Voltar com o título é uma possibi­lidade grande.

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