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RP vai pagar R$ 102,6 mil por enchente

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O juiz Reginaldo Siqueira, da 1ª Vara da Fazenda Públi­ca, condenou a prefeitura de Ribeirão Preto a indenizar um morador do Jardim Procópio, na Zona Oeste, cuja residên­cia sofre enchentes constantes devido à suposta negligência na manutenção das redes co­letoras de águas pluviais.

O valor da indenização por danos materiais foi fixado em R$ 72.613,31, equivalente à des­valorização do preço do imóvel devido às inundações, e os da­nos morais foram arbitrados em R$ 30 mil, totalizando R$ 102.613,31. João Batista Dias mora na rua Coronel Américo Batista e o advogado que o re­presenta nesta ação é Luiz Edu­ardo Nogueira Mobiglia.

De acordo com os autos, a construção de conjuntos ha­bitacionais na vizinhança do autor da ação prejudicou o sistema de captação de água existente, resultando em en­chentes constantes. Mesmo com o proprietário efetuando obras para elevar o nível da casa, o problema não foi re­solvido. Uma perícia avaliou que por causa das intercor­rências o imóvel se desvalori­zou em 30%.

A Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos ainda pode recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), mas a prefeitura diz por meio da assessoria de imprensa que ainda não foi notificada. Segundo o juiz Reginaldo Siqueira, “porque é de res­ponsabilidade do município a construção e manutenção das redes coletoras de águas pluviais nas áreas públicas, a falha no serviço implica na obrigação de indenizar os danos que eventualmente daí decorrentes”.

“Embora o imóvel seja ha­bitável, as constantes enchen­tes, com alta probabilidade de recorrência, evidentemente causam danos de ordem moral à autora, seja pela humilhação e constrangimento provoca­dos pela perda e deterioração do patrimônio, seja pelo so­frimento e angústia decorren­tes da possibilidade de ter que suportar as consequências de nova enchente a qualquer mo­mento, seja principalmente, pela aflição vivenciada no mo­mento da inundação, diante do risco à saúde e até à vida”, escre­veu o magistrado.

Ribeirão Preto já sofreu uma intervenção de grandes proporções para minimizar a ação das enchentes. Divi­dido em quatro etapas, entre 2008 e 2014, o projeto das obras antienchentes em Ri­beirão Preto custou R$ 117 milhões aos cofres públicos. As intervenções ocorreram no córrego Retiro Saudoso, na avenida Doutor Francis­co Junqueira, e no ribeirão Preto, nas avenidas Jerônimo Gonçalves e Fábio Barreto.

O governo federal inves­tiu R$ 99 milhões – R$ 52 milhões via financiamento com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Servi­ço (FGTS), R$ 30 milhões de emendas parlamentares e R$ 17 milhões a fundo perdido. O estadual aplicou R$ 3 milhões – via Fundo Estadual de Pre­venção e Controle da Poluição (Fecop), da Companhia de Tecnologia Ambiental de São Paulo (Cetesb) –, a prefeitura entrou com R$ 10 milhões e a Câmara de Vereadores com mais R$ 5 milhões.

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